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Casa Branca censura Wall Street Journal por matéria que expõe amizade de Trump e Epstein

A Casa Branca proibiu a participação de jornalista do The Wall Street Journal na coletiva de imprensa que abordava a viagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Escócia. A censura ocorreu após o jornal americano publicar uma suposta carta de Trump endereçada a Jeffrey Epstein, bilionário acusado de tráfico sexual de adolescentes que cometeu suicídio na prisão em 2019.

“Treze veículos de comunicação diversos participarão do pool de imprensa para cobrir a viagem do presidente à Escócia”, disse Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, em comunicado. “Devido à conduta falsa e difamatória do The Wall Street Journal, eles não serão um dos 13 veículos a bordo.”

O bilhete divulgado pelo WSJ fazia parte de um álbum de aniversário organizado para o financista em 2003 e contém um desenho de uma mulher nua e mensagens insinuantes. O álbum comemorativo foi organizado por Ghislaine Maxwell, então braço direito de Epstein. O caderno reúne mensagens manuscritas, desenhos, colagens e fotos de amigos e conhecidos.

A reportagem, intitulada “Os amigos de Jeffrey Epstein enviaram-lhe cartas obscenas para um álbum do 50º aniversário. Uma delas era de Donald Trump“, publicou na íntegra a página atribuída ao presidente americano.

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Há um esboço feito com caneta preta, retratando o corpo nu de uma mulher, com destaque para os seios e a assinatura “Donald” na região pubiana. Um texto simula um diálogo entre os dois amigos, em que Trump diz coisas como “Temos certas coisas em comum, Jeffrey”, “enigmas nunca envelhecem” e “que cada dia seja um segredo maravilhoso”.

+ Jornal publica carta de Trump a Epstein com insinuações e desenho de mulher nua

Reação de Trump

O republicano, em resposta, negou ser autor do conteúdo, que chamou de “farsa”, e abriu uma ação contra o WSJ e seu proprietário, Rupert Murdoch, que controla um império da mídia com produtos como a Fox News. No processo de difamação, o presidente dos EUA pede pelo menos US$ 20 bilhões (mais de R$ 110 bilhões) em indenização. Uma postagem do próprio Trump nas redes sociais confirmou rumores que circulavam nos círculos políticos e midiáticos: a Casa Branca chegou a tentar impedir o jornal de publicar a reportagem.

“Eu disse a Rupert Murdoch que era tudo uma farsa, que ele não devia publicar esta história falsa. Mas ele publicou, e agora vou processá-lo e processar o seu jornal de terceira categoria”, escreveu na Truth Social, sua rede social. Numa declaração anterior, a equipe de Trump disse que ele “pessoalmente” alertou o proprietário do WSJ e a editora-chefe, Emma Tucker, de que a carta era “falsificada”.

Trump tem um longo histórico de ameaças legais contra veículos de comunicação e nem sempre leva a cabo ações judiciais, mas processos recentes contra a ABC News e a CBS News terminaram em acordos judiciais que direcionaram fundos para sua futura biblioteca presidencial. Neste caso, não especificou exatamente o motivo pelo qual iria processar o jornal, embora a sua equipe tenha mencionado “mentiras difamatórias”.

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+ Caso Epstein: Teoria sexual difundida por Trump agora se volta contra ele

Caso Epstein

Trump, que prometeu divulgar os arquivos caso retornasse à Casa Branca, virou alvo de uma teoria da conspiração dentro da sua base política, a Make America Great Again (MAGA), de que está em uma lista secreta de pessoas que se beneficiavam do esquema de Epstein.

Trump parece estar encurralado. O líder americano rejeitou na última terça-feira, 15, uma nova investigação contra Esptein, definindo o assunto como “chato” e apenas interessante para “pessoas más”. Ele também disse que apoia a publicação de arquivos “confiáveis” para calar o alvoroço causado pelos seus antigos apoiadores.

“Não entendo por que o caso Jeffrey Epstein seria do interesse de alguém”, opinou Trump a repórteres. “É um assunto bem chato. É sórdido, mas é chato, e não entendo por que continua acontecendo.

“Acho que só pessoas bem ruins, incluindo as fake news, querem manter algo assim acontecendo. Mas informações confiáveis, que eles as deem. Qualquer coisa que seja confiável, eu diria, que eles tenham”, acrescentou.

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Ao longo da campanha eleitoral, Trump incentivou o conspiracionismo ao alegar que o país era controlado por elites obscuras do “Estado profundo”, cultivando um sentimento de paranoia na MAGA. Agora, a desconfiança nutrida por ele acabou por se tornar um tiro no próprio pé: seus apoiadores suspeitam de que o republicano, que era próximo a Epstein nos anos 2000, esteve envolvido de alguma forma no escândalo de abuso sexual.

+ Sob críticas pelo caso Epstein, Trump chama os próprios apoiadores de ‘fracos’

Empurrão de Musk

A teia conspiracionista foi promovida pelo magnata Elon Musk, antigo braço direito de Trump. Após deixar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), em maio, o bilionário passou de consigliere a inimigo do presidente dos EUA em um curto espaço de tempo. Além de criticar abertamente o plano de cortes de gastos e impostos de Trump, o dono da Tesla acusou o republicano de boicotar a liberação dos arquivos Epstein por ter sido citado neles.

“Hora de jogar a bomba realmente grande: Donald Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não se tornaram públicos. Tenha um ótimo dia, DJT (Donald John Trump)!”, escreveu Musk no X, antigo Twitter, rede social da qual é dono, antes de apagar a publicação dias mais tarde.

Musk não parou por aí e compartilhou um vídeo com a legenda: “Em 1992, Trump festejou com Jeffrey Epstein. Só vou deixar isso aqui”. Ele também afirmou que “a verdade virá à tona”. O magnata não apresentou provas, mas a relação entre Trump e Epstein é antiga. Em 2002, Trump disse à revista New York que Epstein era “fantástico” e “muito divertido de se estar por perto”. Ele também contou que a dupla se conhecia há 15 anos. Os dois faziam parte de círculos sociais de elite de Nova York e da Flórida.

“Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são do tipo mais jovem”, pontuou Trump à revista.

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