Como parte de um plano para reduzir os impactos do turismo de massa, a prefeitura de Barcelona anunciou na última sexta-feira, 18, que dois terminais de cruzeiros da cidade serão desativados até 2026. Firmada em acordo com a autoridade portuária, a medida deixará apenas cinco terminais em operação no maior porto de cruzeiros da Europa, como parte de uma série de ações para descentralizar o desembarque de turistas e diminuir a pressão sobre o centro histórico.
O plano prevê também a modernização da infraestrutura portuária, com a adoção de tecnologias que permitam aos navios se conectar à rede elétrica local enquanto estiverem atracados. A iniciativa deve reduzir as emissões de poluentes e tornar as operações mais sustentáveis. Outro ponto do plano é o financiamento de estudos de mobilidade para entender como os passageiros circulam pela cidade, identificando gargalos e possíveis soluções.
Com investimento estimado em 185 milhões de euros, a estratégia busca equilibrar a atividade econômica gerada pelos cruzeiros com a qualidade de vida dos moradores. Em 2024, o Porto de Barcelona recebeu 1,6 milhão de passageiros em trânsito — a maioria desembarca pela manhã, visita pontos turísticos como a La Rambla e o Bairro Gótico, e retorna ao navio no fim do dia.
Turismo predatório
Nos últimos anos, Barcelona tem adotado uma série de iniciativas para mitigar os efeitos do turismo de massa. O movimento intenso tem gerado tensão entre moradores, especialmente pela pressão sobre o transporte público, a paisagem urbana e os preços dos aluguéis.
A prefeitura também tem buscado reorganizar o fluxo de visitantes em pontos turísticos estratégicos. Em abril, foi anunciada a criação de uma praça exclusiva para selfies em frente à Sagrada Família. Com mais de 6.000 metros quadrados, a nova “zona de espera” pretende aliviar os congestionamentos na região e evitar que turistas obstruam calçadas ou atrapalhem o comércio local.
Em julho de 2024, milhares de moradores foram às ruas protestar contra o “turismo predatório” com cartazes e pistolas d’água, pedindo limites mais rígidos à chegada de visitantes.
No ano passado, a campanha “Visit Barcelona” foi substituída pelo novo slogan institucional “This is Barcelona”, em uma tentativa de reposicionar a cidade diante da crise provocada pela superlotação.