Melhorou a avaliação do governo Lula nos últimos dois meses, informou a consultoria Quaest em pesquisa divulgada nesta quarta-feira (16/7).
A taxa de desaprovação continua alta (53%). No entanto, houve declínio substancial em relação à aprovação (43%). Em maio a distância entre os índices era de 17 pontos percentuais, agora é de 10 pontos.
É reflexo da mudança de comportamento nos segmentos de renda média em relação ao governo.
Na faixa de eleitores com renda domiciliar de 2 a 5 salários-mínimos, por exemplo, a desaprovação em maio estava 19 pontos acima da aprovação. Caiu para 9 pontos neste mês.
Aparentemente, Lula começou a se beneficiar da interferência indevida do presidente dos Estados Unidos na política brasileira.
Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% para produtos brasileiros, e extensa investigação sobre “desvios” no comércio com os EUA, em protesto contra o julgamento do aliado local Jair Bolsonaro, que é acusado de vários crimes contra a Constituição, entre eles tentativa de golpe de estado.
Ampla maioria dos eleitores (79%) acha que a taxação anunciada por Trump será prejudicial à sua vida.
É notável que a proporção de eleitores autodeclarados bolsonaristas com essa percepção (82%) seja maior que a média nacional e, também, ultrapasse fatia expressiva (78%) daqueles que se identificam como lulista, petista ou de esquerda.
A impressão dominante (72%) no eleitorado é de que Trump erra ao impor tarifa supostamente por acreditar numa perseguição política a Bolsonaro.
Essa interpretação alcança a quase totalidade (94%) dos eleitores que se declaram de esquerda, mas negam ser lulistas ou petistas.
Os bolsonaristas divergem, com maioria (48%) criticando e parcela expressiva (42%) apoiando o presidente americano.
Nem eles nem os eleitores autodeclarados de direita, porém, acreditam que Trump tenha sido motivado a impor tarifa alta ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro em curso no Supremo Tribunal Federal.
No geral, quatro em cada dez entrevistados pela Quaest acham que pesaram muito mais as críticas de Lula a Trump e aos Estados Unidos na recente reunião de cúpula do grupo de países conhecido como Brics, capitaneado pela China.
Para a maioria (59%), o presidente americano vai manter a decisão de taxar em 50% as compras de produtos brasileiros a partir de agosto.
Lula, no curto prazo, Lula tende a se beneficiar do abuso do presidente dos EUA ao tentar interferir na política brasileira. Mas parcela majoritária (53%) do eleitorado não considera que o embate com Trump por causa do apoio a Bolsonaro seja decisivo para o voto na eleição do ano que vem.
Não vai influenciar, dizem eleitores autodeclarados lulista e petista (51%), de esquerda (54%), de direta (53%) e independentes (63%).
No grupo de bolsonaristas ocorre o inverso: 59% veem na atitude de Trump um estimulante, do tipo que “faz querer votar mais” em Bolsonaro. Como está inelegível até 2030, essa maioria se diz disposta a votar no candidato que ele apoiar.
