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Israel ataca região em disputa na Síria após cessar-fogo entre drusos e beduínos

Israel realizou ataques pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira, 15, contra as forças do governo da Síria em Sweida, no sudoeste do país. Os bombardeios vieram após o ministro da Defesa sírio declarar um cessar-fogo na área, onde combates entre tribos beduínas e a minoria religiosa drusa — que é predominante na cidade — deixaram mais de 100 mortos nos últimos dias. Os militares de Tel Aviv justificaram que a ação teve por objetivo manter a área desmilitarizada e proteger os drusos perto da fronteira israelense.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Israel Katz, emitiram comunicado conjunto em que disseram ter ordenado que o Exército israelense atacasse as “forças do regime” e as armas trazidas a Sweida para serem usadas contra os drusos. Segundo o texto, o envio de forças governamentais à região viola uma política de desmilitarização que impede Damasco de deslocar militares e armas para o sul da Síria por representar uma ameaça a Israel.

“Israel está comprometido em evitar danos aos drusos na Síria devido à profunda aliança de fraternidade com nossos cidadãos drusos em Israel”, disse o comunicado. “Estamos agindo para impedir que o regime sírio os prejudique e para garantir a desmilitarização da área adjacente à nossa fronteira com a Síria.”

Intervenção

O governo israelense tem procurado se apresentar como defensor dos drusos desde a derrubada do regime do presidente Bashar al-Assad, em dezembro. Os ataques mais recentes começaram depois que o influente xeque druso Hikmat al-Hajri emitiu um comunicado acusando as tropas do governo (que entraram em Sweida com aval da liderança espiritual drusa) de violarem um cessar-fogo e instando os combatentes a confrontarem o que ele descreveu como um ataque bárbaro.

No entanto, analistas avaliam que Israel está usando o grupo minoritário como pretexto para intervir.

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Horas antes do ataque desta terça-feira, uma trégua havia sido anunciada pelo ministro da Defesa Murhaf Abu Qasra. Segundo ele, as forças do governo só abririam fogo se fossem alvejadas primeiro.

“A todas as unidades que operam na cidade de Sweida, declaramos um cessar-fogo total após um acordo com as autoridades e dignitários da cidade”, publicou ele no X (antigo Twitter) pouco antes do meio-dia (6h em Brasília). “Responderemos apenas às fontes de fogo e lidaremos com qualquer ataque de grupos ilegais.”

As forças governamentais disseram que intervieram para separar os dois lados em conflito, mas acabaram assumindo o controle de várias áreas drusas ao redor de Sweida, segundo a agência de notícias AFP. As tropas começaram a se dirigir para a cidade na segunda-feira, assumindo o controle de pelo menos uma aldeia drusa. Em paralelo, uma facção drusa afirmou que negociações com o governo de Damasco estavam em andamento.

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Desafio para o novo governo

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma ONG com sede no Reino Unido, informou anteriormente que 116 pessoas foram mortas desde o início dos combates no domingo 13 — 64 drusos, incluindo quatro civis, e 52 membros das forças governamentais e tribos beduínas. O Ministério da Defesa listou 18 mortes entre militares.

O aumento da violência destaca um dos principais desafios de Ahmed al-Sharaa, que substituiu Bashar al-Assad após o grupo rebelde por ele liderado derrubar a ditadura. Seu passado causa reticência em grande parte da população, uma vez que esteve ligado à rede terrorista Al Qaeda. A pressão é alta para que ele prove que é capaz de governar uma democracia, e ele tem lutado para assumir o controle da área próxima à fronteira israelense.

Embora Sharaa tenha sido impulsionada pela rápida melhora dos laços com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retirou as sanções contra a Síria, a violência evidenciou tensões sectárias persistentes. A maior parte da população segue a vertente sunita do islã, defendida por Sharaa e suas forças, mas há diversas minorias, como alauítas, drusos e curdos.

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A desconfiança entre grupos minoritários em relação ao seu governo persiste – desconfiança essa que foi aprofundada pelos assassinatos em massa de alauítas em março, que deixaram 1.600 mortos. A violência foi interpretada, em parte, como uma vingança, já que a família Assad é alauíta.

Há ainda a questão do que fazer com os curdos no norte do país. As forças curdas foram fundamentais no combate à ditadura de Assad e exigem que seu sacrifício seja recompensado com algum grau de autonomia, e existem negociações para incorporá-los ao Exército.

A expectativa é de que Sharaa altere o alinhamento internacional sírio e entre em algum tipo de acordo de normalização com Israel. Não deve ser nada fácil. Os dois países têm uma rivalidade histórica, incluindo a tomada israelense das Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Após a queda de Assad, Israel aproveitou para fazer mais de 700 ataques aéreos na Síria nos últimos meses e ocupou parte do território na fronteira.

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