Crime que chocou o país em 2021 volta a ganhar destaque com o lançamento da série documental Caso Henry Borel – A marca da maldade. O primeiro episódio da produção exclusiva de VEJA já está disponível, a partir desta segunda-feira, 14, na plataforma VEJA+. Henry Borel tinha 4 anos quando morreu no dia 8 de março de 2021, no apartamento onde morava com a mãe, Monique Medeiros, e o padrasto, médico e até então vereador Dr. Jairinho. Ambos seguem presos, por decisão unânime do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) acusados pela morte de Henry. Pai da criança, Leniel Borel tornou-se figura pública na luta por justiça. O narrador do documentário é o ator Raul Gazolla, 69 anos, que também passou por uma tragédia pessoal que chocou o país. Em 1992, sua namorada, a atriz Daniella Perez, filha da autora Gloria Perez, foi brutalmente assassinada por Guilherme de Pádua e Daniela Thomaz. Convidado do programa semanal da coluna GENTE (disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus e também na versão podcast no Spotify), Raul traça um paralelo entre ambos os casos, defende pena de morte para casos hediondos e conta a lição que aprendeu após passar por seis infartos. Assista.
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MENINO HENRY. “Fui convidado para fazer a narração desse documentário, que descreve como o menino foi brutalmente assassinado pelo padrasto e com a cumplicidade da mãe. Quando li o (roteiro do) documentário todo e o que ia falar, fiquei muito chocado e pensei muito se iria conseguir fazer essa narração. O quanto me tocou emocionalmente… Sou pai de três meninas. Não consigo imaginar passar pela cabeça de um pai, neste caso de uma mãe, compactuar com o assassinato do seu filho de quatro anos. Aquilo me levou a uma emoção de ver o ser humano com um descredibilidade”.
HISTÓRIA CHOCANTE. “Pelo documentário, acompanhei que aquele menino já vinha sofrendo torturas há um certo tempo, maus tratos físicos… E ele, como uma criança de quatro anos, não conseguia verbalizar isso. Nem para o pai, nem para a mãe, o que vinha sofrendo do padrasto. Isso me deixou muito chocado. A ponto de que a violência foi crescendo, até matar o menino. E a mãe endossou o crime do marido atual, que era padrasto da criança”.
PENA DE MORTE. “Diante desse quadro, sinto muito pena de que o Brasil não tenha pena de morte ou prisão perpétua. Porque esse tipo de crime… você não pode deixar um indivíduo desse, uma dupla dessa, solta na sociedade. Se eles ficarem soltos, vão fazer novamente. Faz parte do DNA deles”.
TRUE CRIME. “Sei que tinha que fazer porque é importante que a sociedade entenda de quem a gente está falando, de que tipo de crime a gente está desvendando. Para que as pessoas tenham a certeza de que se esse rapaz voltar ao convívio da sociedade, as pessoas saibam exatamente quem ele é”.
CASO DANIELA. “Quanto ao caso da Daniela Perez, na época a gente não tinha redes sociais, eram os jornais, as revistas e a imprensa televisiva. Não tinha streaming, não tinha nada. Então se espalha uma fake news, cada um dizia uma coisa. Aquilo virava manchete e no dia seguinte era desmentido. Os próprios assassinos deram ‘n’ versões do crime. Cada dia tinha uma notícia diferente. Até porque ele tinha um ego muito grande, era vaidoso e como sabia que qualquer coisa repercutia na imprensa, ele queria aparecer”.
DIA DA MORTE DO ASSASSINO. “Eu agradeci ao universo e disse: ‘poxa, o mundo respira melhor hoje’. Partiu alguém que nem deveria ter nascido. Assim como acredito que esses assassinos, psicopatas, pessoas doentes, tais como Jairinho, o assassino da Dani, eles não podem conviver na sociedade, têm que ter prisão perpétua. Mas aqui a gente não tem nem pena de morte. Não sei se houvesse pena de morte os crimes seriam menos, não acredito nisso. Mas acredito que se elimina um perigo da sociedade quando se condena um assassino confesso, com nível de psicopatia”.
DORES E TRAUMAS. “Só agora, depois de 32 anos, que vi a Glória (Perez) sorrir. Veja a dor que a gente carrega. O pai da Dani não conseguiu carregar essa dor, sucumbiu e morreu de tristeza. Acho que se perdesse uma filha talvez não morresse, porque tenho outras duas e teria de ter forças suficientes para segurar a onda. Mas não consigo imaginar. Um pai não pode perder uma filha, uma mãe não pode perder um filho”.
Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.