Diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Kevin Hasset defendeu a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros nos Estados Unidos, anunciada na última semana pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Para ele, a medida é parte de uma estratégia tarifária global do país e não tem apenas relação com o processo judicial no Brasil contra Jair Bolsonaro, citado por Trump ao tornar pública a decisão.
Em entrevista à ABC News, Hasset ressaltou que Trump tem autoridade para impor tarifas como essa se acreditar que há uma ameaça à segurança nacional, ou se achar que os Estados Unidos passam por uma situação emergencial — neste caso, o elevado déficit comercial do país. Questionado se o inquérito contra Bolsonaro se enquadraria em um desses cenários, no entanto, o conselheiro desconversou.
“Bem, isso não é a única coisa”, disse, antes de concluir: “O ponto principal é que o que estamos fazendo de forma absoluta e coletiva em todos os países é transferir a produção para os EUA para reduzir a emergência nacional, ou seja, temos um enorme déficit comercial que nos coloca em risco caso precisemos de produção nos EUA devido a uma crise de segurança nacional”.
Tal déficit foi também mencionado por Trump na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última quarta-feira, 9, quando a tarifa contra produtos brasileiros foi anunciada. Ocorre que, nas negociações com o Brasil, o segundo maior parceiro comercial dos Estados Unidos, há superávit do país norte-americano, não o contrário.
Hasset justificou, contudo, que é preciso olhar o cenário de uma maneira ampla. “Se não tiver uma estratégia geral para isso, haverá transbordo e tudo mais, e você não alcançará seus objetivos”, afirmou.

Neste domingo, o presidente Lula convocou auxiliares para uma reunião no Palácio da Alvorada. O encontro deve discutir justamente o decreto que regulamentará a lei da reciprocidade, um dos eixos de reação do governo à medida tarifária de Trump.
Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o vice-presidente Geraldo Alckmin foi chamado para o encontro, que contará com a participação do ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, e de um representante do Ministério da Fazenda. É possível que lideranças do governo no Congresso também compareçam.