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Como o tarifaço de Trump afeta o sonho bolsonarista de anistia

Donald Trump mal havia feito as primeiras postagens em favor de Jair Bolsonaro na segunda-feira, 7, quando interlocutores do ex-presidente começaram a articular para que, pelo menos por ora, parlamentares aliados diminuam as pressões para que se vote no Congresso um projeto de anistia para perdoar as penas dos condenados pelos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023.

A avaliação do entorno bolsonarista naquele momento era a de que os posts do republicano em que ele classificava o processo judicial contra o aliado como “caça às bruxas” eram o sinal mais eloquente de que estavam muito próximas eventuais sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Pela lógica do entorno do ex-presidente, a consolidação de uma possível penalidade a Moraes funcionaria como o melhor elemento de pressão possível para que parlamentares de diferentes espectros concordassem em passar a borracha nas condenações impostas pelo STF a quase 650 pessoas que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes há dois anos.

Para além do perdão aos autores do quebra-quebra, a tentativa de livrar os sentenciados pelo Supremo tem como objetivo abrir caminho mais adiante para o próprio Bolsonaro se beneficiar da anulação das penas.  Antes das manifestações de Trump, o líder do PL Sóstenes Cavalcante dizia ter afiançado com o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB) o compromisso de votar o projeto da anistia antes do recesso, marcado para o próximo dia 18.

Com o anúncio do tarifaço de Trump contra o Brasil, porém, a situação mudou. Setores do agronegócio historicamente aliados a Bolsonaro criticaram as tarifas extras de 50% para produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, o setor produtivo ainda calcula o tamanho dos prováveis danos e mesmo políticos da base bolsonarista ainda não conseguiram se descolar da associação de terem jogado contra o próprio gol. Com urgências desta natureza em mente, é altamente improvável que o Congresso coloque a anistia no rol de prioridades do momento.

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Atacar o Supremo dá voto

Desde que Bolsonaro assumiu o poder em 2019, atacar o Supremo Tribunal Federal é tido pelo capitão como um senhor elemento de coesão da militância política. Serviu como muleta retórica quando decisões judiciais lhe eram desfavoráveis e, com o processo que o acusa de tramar um golpe de Estado prestes a ser julgado, servia também como ferramenta para fortalecer o discurso de que é perseguido pelo Judiciário. “Atacar o Supremo dá voto”, resume um dos ministros do tribunal.

Com o tarifaço de Trump, o discurso anti-STF se mistura agora com a certeza de que a tentativa da Casa Branca de influenciar no Judiciário brasileiro, além de sem efeito, tem todos os elementos para prejudicar o setor produtivo e afetar a economia do país.

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