A demissão do ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, da Secretaria de Transportes do Rio de Janeiro, provocou um abalo na base conservadora fluminense. Insatisfeito com os rumos das articulações no estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu não apoiar mais nem o governador Cláudio Castro (PL) nem o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), nas eleições de 2026.
A informação foi revelada pelo site Tempo Real e confirmada por VEJA. A decisão veio poucos dias após a exoneração de Reis, apadrinhado político de Bolsonaro e considerado um de seus principais aliados no estado. A saída foi sacramentada por um movimento iniciado por Bacellar, que exonerou o secretário enquanto ocupava interinamente o governo durante viagem de Castro a Portugal.
Embora o governador afirme que a troca já estava prevista, o timing da demissão — sem consulta prévia ao titular do cargo — escancarou a disputa interna entre os dois grupos. Nos bastidores, aliados de Bolsonaro avaliam que o episódio expôs a desorganização no campo da direita e inviabilizou, por ora, qualquer declaração de apoio a uma das pré-candidaturas.
Caso consiga reverter sua situação na Justiça Eleitoral e se tornar elegível, Washington Reis deve entrar na disputa pelo Palácio Guanabara com o apoio de Jair Bolsonaro — e do bolsonarismo fluminense. O ex-prefeito é, hoje, o nome favorito do ex-presidente no estado e, mesmo fora do governo, mantém influência entre prefeitos da Baixada Fluminense e lideranças evangélicas.
Em entrevista a VEJA na noite desta sexta-feira, 11, Reis afirmou que houve uma tentativa de antecipar uma declaração de apoio de Bolsonaro a outros nomes. “Tentaram forçar a barra do apoio do Bolsonaro, que a gente conseguiu brecar.” Sobre Bacellar, foi direto: “Meu projeto é totalmente distinto do dele.”
O ex-prefeito também comentou os rumores sobre uma possível aproximação com o prefeito Eduardo Paes, que deve disputar o governo do estado em 2026. “Nunca tive aliança com Eduardo. Tenho ótima amizade com 90% dos prefeitos do estado. É preciso separar as coisas”, disse.
Ao tratar do apoio de Bolsonaro, Reis não titubeou: “Nunca tive dúvidas. Sempre tive certeza. Estou de consciência tranquila. Trabalhamos juntos nas eleições — na que ganhou e na que perdeu — até porque as ideias políticas convergem.”
