Quem nunca teve um animal de estimação não imagina a dor que a morte de um pet pode desencadear no tutor. Ela pode ser comparada, segundo os especialistas, a perda de um ente querido, como um filho e uma mãe, de tão intensa. Na década de 1990, hospitais veterinários universitários americanos iniciaram linhas de apoio ao luto de tutores, reconhecendo que a perda de um pet podia levar a sintomas intensos de tristeza, culpa, isolamento e até depressão. A prática se espalhou por outros países. Surgiram grupos de apoio e serviços especiais. Mais recentemente psicólogos passaram a se dedicar ao assunto. No Brasil, hoje, já existem terapeutas especializados, que recebem pacientes para uma espécie de terapia breve para que consigam elaborar e atravessar o período de luto.
Os pets passaram a ocupar outra posição na vida na família do que no passado. O cachorro e o gato, por exemplo, deixaram de morar no quintal e ganharam todos os lugares da casa. “Além da proximidade, o relacionamento com um animal é muito mais fácil que com um ser humano”, diz Juliana Sato, psicóloga especializada no luto pet. O cão é simples e demonstra muito afeto pelo tutor, está sempre as voltas atrás do dono, como um chiclete. Ele é dependente em todos os sentidos. “Quando ele morre, o tutor perde também a rotina e essa troca afetiva, sincera e espontânea, sem interesses”, conta Juliana.
Dependendo da circunstância do óbito, muitas vezes, o luto envolve sentimentos como a culpa. Autorizar a eutanásia pode deixar sequelas emocionais para o tutor. Um acidente fatal em casa, como a queda do animal de uma janela ou afogamento na piscina, também são situações que deixam, muitas vezes, o mesmo sentimento. Como lidar com isso? Juliana explica que há uma série de técnicas que ajudam a elaborar os acontecimentos e diminuir a intensidade da dor. O tratamento é uma espécie de terapia breve, que envolve uma mistura de linhas terapêuticas.
A psicóloga enveredou nesta especialidade, depois que sua cadelinha salsicha, teve uma doença grave. O animal passou por uma cirurgia e ficou internado quatro dias. “Tive apoio dos veterinários, que enviavam imagens de vídeo da minha cadela, nas primeiras horas da manhã, o que me ajudava muito”, diz Juliana que não imaginava o quanto seria difícil para ela passar por essa situação. Daí veio o interesse em se especializar e tirar uma certificação nos Estados Unidos. Em breve, ela lança um o livro “Luto no contexto da medicina veterinária”, da Editora Lucto, que conta com participações de especialistas internacionais.
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+https://veja.abril.com.br/comportamento/turismo-animal-pets-sao-recebidos-como-hospedes-vips-em-resorts-mundo-afora/