A disputa por uma das sete cadeiras da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA), segue intensa — agora com novos elementos que acirraram ainda mais o embate. Parlamentares brasileiros passaram a pressionar diretamente o Itamaraty para que o país mantenha firme sua candidatura. VEJA apurou que, nos bastidores de Brasília, deputados e senadores vêm reforçando a importância geopolítica da nomeação neste momento e pedindo que o indicado do país, o professor Fábio Sá e Silva, não recue, mesmo diante das dificuldades diplomáticas e da concorrência mexicana.
Das três vagas em disputa neste ciclo, duas já foram preenchidas: uma por Marion Bethel, das Bahamas, e outra por Rosa María Payá, cubana radicada nos Estados Unidos, apoiada pelo secretário Marco Rubio e símbolo da oposição anticastrista. Resta apenas um assento — e o Brasil disputa diretamente com o México, que apresentou o jurista José Luis Caballero Ochoa. Como os embaixadores da OEA não chegaram a um consenso na primeira rodada de votações, a decisão foi adiada para a próxima sexta-feira, 11.
Fábio Sá e Silva, vinculado ao Ipea e professor na Universidade de Oklahoma, é a aposta do governo Lula para representar uma linha mais progressista na CIDH. Seu nome foi lançado com apoio do chanceler Mauro Vieira, do advogado-geral da União, Jorge Messias, e com a chancela do próprio presidente. Mas, após a decisão do ex-presidente Donald Trump de impor tarifas a produtos brasileiros — anunciada na última quarta-feira, 9 —, o apoio doméstico à candidatura se intensificou: o Congresso passou a demonstrar preocupação com o risco de o Brasil perder protagonismo em um espaço estratégico, justamente no momento em que a soberania nacional foi posta à prova.