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Petróleo, aviões e mais: os produtos brasileiros mais afetados pela tarifa de 50% de Trump

A sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às importações provenientes do Brasil, que deve vigorar a partir de 1º de agosto, afetará 12% das nossas exportações, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. No acumulado do primeiro semestre, as vendas para o mercado americano somaram 20 bilhões de dólares e representaram um crescimento de 4,4% sobre o mesmo período do ano passado. Ao contrário do que alega Trump, o Brasil segue registrando déficit na relação comercial com os Estados Unidos. Após contabilizar importações de 21,7 bilhões de dólares de janeiro a junho, resta um saldo negativo de 1,7 bilhão de dólares.

Como nosso segundo maior parceiro comercial, os Estados Unidos compram uma variedade de mercadorias brasileiras, mas cerca de 50% das transações estão concentradas em oito produtos: petróleo, produtos siderúrgicos semiacabados, café, aviões, ferro-gusa, óleos combustíveis, outros artigos manufaturados e suco de laranja.

A sobretaxa de 50% determinada por Trump elevou a tensão entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto. No início, a guerra comercial deflagrada pelo presidente americano em 2 de abril, quando anunciou a elevação de tarifas de importação para praticamente todos os países do mundo, poupou de certo modo o Brasil, que arcaria com uma tarifa de 10% sobre seus produtos – a menor alíquota divulgada então. Naquele momento, o foco do republicano era a China, com quem os americanos acumulam um pesado déficit comercial. Para acessar o mercado americano, os chineses deveriam arcar com tarifas que chegavam a mais de 200%.

Diante dos protestos e das ameaças de retaliação lançadas por diversos países, Trump adiou por noventa dias a entrada em vigor das medidas, a fim de negociar reduções das alíquotas em troca de concessões dos parceiros comerciais que estimulem as exportações americanas. O prazo terminaria nesta quarta-feira, 9. Como a Casa Branca obteve poucos acordos concretos e alguns países importantes ainda estão na mesa de negociações, Trump determinou, na segunda-feira, 7, a prorrogação do prazo para 1º de agosto.

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Até então, as empresas exportadoras, o governo Lula e o mercado financeiro esperava que a taxação dos produtos brasileiros fosse mantida em 10%, com exceção da sobretaxa de 25% para os artigos siderúrgicos. Por isso, o anúncio ontem de uma tarifa geral de 50% sobre as exportações, com vigência a partir de agosto, surpreendeu a todos. Em carta enviada a Lula, Trump afirma explicitamente que a medida é uma resposta às decisões do Judiciário brasileiro contra redes sociais americanas e ao que ele chama de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tentativa de golpe de Estado.

A reação aos motivos do presidente americano para sobretaxar o Brasil foi imediata. Hoje cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a decisão de Trump é “política” e visa apenas a interferir no processo judicial contra Bolsonaro. “Os setores econômicos hoje estão de cabelo em pé, buscando apoio do governo para buscar uma solução por um problema criado por uma família”, declarou o ministro, referindo-se ao ex-presidente e a seus filhos. Como se sabe, Eduardo Bolsonaro encontra-se nos Estados Unidos e é responsável pela articulação da família com a Casa Branca.

Lula estuda recorrer à Organização Mundial de Comércio (OMC) contra o que considera uma medida sem fundamento econômico, movida apenas por interesses políticos de Trump e de Bolsonaro. Em carta enviada à Casa Branca, Lula afirmou que o Brasil é um país soberano “que não aceitará ser tutelado por ninguém”.

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