O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais apresentou nesta terça-feira, 8, uma denúncia contra o deputado federal Nikolas Ferreira e o deputado estadual Bruno Engler, ambos do PL mineiro, pela disseminação de notícias falsas contra o então prefeito Fuad Noman, que concorria à reeleição. Eles usaram trechos descontextualizados de uma obra escrita pelo adversário político e o acusaram de expor crianças a conteúdo pornográfico durante um evento sobre histórias em quadrinhos. Além dos dois, a vice de Engler, coronel Cláudia e a deputada estadual Delegada Sheila também foram denunciadas.
Engler e Nikolas são aliados políticos de longa data e, nos últimos pleitos, um fez campanha para o outro. O deputado estadual chegou a ir para o segundo turno com Noman, que o venceu com pouco mais de 93.000 votos de diferença. Porém, ele exerceu poucos meses do segundo mandato e faleceu em março deste ano.
Segundo a denúncia do MP, o grupo de Nikolas e Engler agiu em duas frentes: “exploração de trechos descontextualizados de obra literária de autoria do candidato e falsa imputação de responsabilidade por suposta exposição de crianças a conteúdo impróprio durante um festival internacional de quadrinhos organizado pela prefeitura”. Na época, o caso foi levado a conhecimento da Justiça Eleitoral, que determinou que os conteúdos fossem retirados do ar.
No entanto, segundo a Promotoria, a notícia falsa foi veiculada por “rádio, televisão, internet e redes sociais, o que potencializou a disseminação da desinformação e das ofensas”. Dependendo do desfecho da denúncia, todos os envolvidos podem perder os direitos políticos e, por consequência, seus mandatos.
No caso de Nikolas, há um agravante. Na época da campanha, Noman foi à Justiça pedir que o conteúdo fosse removido e obteve uma liminar ao seu favor, que foi descumprida pelo deputado. De acordo com a denúncia, ele “não apenas se recusou a cumprir a ordem de imediato, como passou a debochar publicamente da decisão, postando em suas redes sociais a notícia da determinação judicial com a legenda: ‘Qual a fake news???? Não conseguem responder, né?’.” Nesse mesmo trecho da denúncia, o MP diz que Nikolas “além de atacar a credibilidade da Justiça Eleitoral, afirmando que esta não teria imparcialidade, reiterou as mesmas acusações falsas que haviam sido objeto da ordem de remoção”.
Os quatro acusados foram denunciados pelos crimes eleitorais de divulgar informações falsas no intuito de difamar adversários. Além deles, um suplente de vereador que também esteve envolvido fez um acordo de não-persecução penal no caso. Ele sem comprometeu a não concorrer a nenhum cargo em 2026 e a pagar uma multa de 31.500 reais a uma instituição filantrópica, além de publicar uma retratação na sua conta pessoal no Instagram.
Leia a íntegra da denúncia que o MP Eleitoral apresentou contra Nikolas Ferreira e seus aliados