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Marisa Orth expõe por que hoje trabalha ‘com um pouco de medo’

Quem acompanhou a televisão nos idos dos anos 1990 e começo dos anos 2000 seguramente deu boas risadas ao ouvir o bordão “Cala a boca, Magda”, no humorístico Sai de Baixo, da TV Globo. Interpretada por Marisa Orth, Magda era uma “gostosona burra” humilhada todo domingo à noite pelo marido, o trambiqueiro Caco Antibes (vivido por Miguel Falabella). Na atual fase politicamente correta que dá limites a determinados estereótipos antes banalizados, como o da mulher submissa, Marisa revê sua icônica personagem com outros olhos. Convidada do programa semanal da coluna GENTE (disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ e também na versão podcast no Spotify), a atriz e cantora, homenageada na 20ª edição do Cine OP, festival de cinema de Ouro Preto (MG), expõe suas opiniões sobre o sumiço do gênero humor da TV aberta, como reflexo do medo de cancelamento que muitos passaram a ter. Desde 2018 fora da TV Globo, agora é comentarista do reality Love & Dance, da Record. Reality, aliás, é outro assunto que ela adora debater. Assista.

ETERNAMENTE MAGDA. “Às vezes assisto (Sai de baixo) e fico meio impressionada, mas não acho datado. Fazia a Magda de uma maneira crítica, muitas mulheres, inclusive até hoje, me falam: ‘fui estudar porque me achei muito parecida com a Magda’. E isso é muito legal. O marido violento, que a traía loucamente e ela: ‘ai’. Ela se excitava com isso. Acho que mostrar como uma mulher pode ser burra, de gostar de ser mal tratada daquela maneira… Ela tinha um monte de críticas, de melhoria da condição da mulher. E super submissa ficou muito amada, então isso confunde a cabeça das pessoas”.

HUMOR FORA DA TV. “O (roteirista) Alexandre Machado, que é um grande autor de sucessos de humor na televisão, junto com Fernanda Young, fala que o celular supre nossa vontade de humor. A gente passa o dia inteiro rindo dessa desgracinha. Mil comediantes foram revelados. Mil cortes foram revelados. Pegadinhas… Observe a riqueza de comédia que tem dentro dos cortes. Um quintal na casa do caramba e você cai no chão de dar risada. Sem dinheiro nenhum, sem luz nenhuma, sem figurino nenhum, só umas perucas velhas”.

POLÍTICA NO RISO. “Tem a polícia do politicamente correto; e a polarização política que a gente nunca viveu nesse país. É terrível, reducionista, não acho que esquerda e direita sirvam para vestir todas as tendências do século XXI. Mas mostra uma maturidade política que a gente nunca viveu. Um país que de 30 em 30 anos tem uma ditatura. Se  isso me bloqueia na forma criativa? Pouco. Não vou dizer que não, um pouco. Tenho um pouco de medo sim, hoje trabalho com um pouco de medo. Existe cancelar uma pessoa? A pessoa vai parar de existir?”.

RENOVAÇÃO NA PLATEIA. “Tenho visto um movimento de novidade na comédia como não tinha visto antes. Mesmo o movimento do stand up. Tenho uma piada sobre isso… O stand up trouxe de volta o homem heterossexual ao teatro, porque ele não precisa sentar. Ele fica de pé”.

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CRÍTICA AO BBB. “Tenho restrições ao reality de confinamento. Acho muito gerador de patologia mental. Acho cruel. Alguns amigos meus queriam fazer, eu ligo, vou na casa da pessoa. ‘Não vá, Porque você pode até ganhar, mas e a lesão?’. Acho perigoso. Nasceu de uma experiência psicológica o Big Brother”.

ETARISMO. “Sinto o tempo todo, mas é um fato. Existem coisas e pessoas jovens. Coisas e pessoas maduras. Coisas e pessoas velhas. O cérebro tende a envelhecer menos do que o corpo. Quando mais valorizada pelo cérebro a gente é, menos a gente sente a passagem do tempo. E menos a gente é rejeitada por isso. (…) No meio da minha carreira, quando fiz 39 anos, me deram um papel (na novela Sangue Bom, de 2013) para ser mãe de um ator de 26 (Rômulo Neto). Falei: ‘nossa’. Daí vi e achei muito maluco”.

Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.

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