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Pre, pro e simbióticos: o que são esses produtos com potencial contra ansiedade e depressão

Um dos mais férteis campos de pesquisa atuais é o que investiga a ligação entre o conjunto de microrganismos que habitam nosso aparelho digestivo – a microbiota intestinal – e o funcionamento (ou adoecimento) de uma porção de órgãos e sistemas do corpo humano. Uma das conexões que mais inquietam os cientistas é a que existe entre o intestino e o cérebro. 

Existem indícios de que o perfil de bactérias e outras criaturas microscópicas que vivem ali dentro do abdômen podem influenciar uma dezena de processos fisiológicos capazes de acarretar maior ou menor propensão a desequilíbrios psíquicos e neurológicos. Sob esse ângulo, o que acontece lá na barriga interfere no risco de desenvolver ansiedade ou depressão.

É devido a essas evidências, mais ou menos robustas a depender dos experimentos avaliados, que grupos de estudo e empresas investem na criação e nos testes de produtos com potencial de intervir e modular a flora intestinal. A ideia é alimentar bactérias bem-vindas ou fornecê-las ao organismo para que, numa reação bioquímica em cadeia, o cérebro seja “tocado” e sintomas que abalam a qualidade de vida, contidos.

Nesse contexto, pesquisadores da Austrália, do Irã e da Turquia acabam de publicar uma revisão sobre os efeitos de prebióticos, probióticos e simbióticos sobre a ansiedade e a depressão. Embora haja uma série de limitações sobre os dados atuais, a conclusão do trabalho foi positiva.

Pre, pro e simbióticos

A revisão analisou 19 estudos clínicos envolvendo mais de 1 400 adultos com quadros leves ou moderados de ansiedade ou depressão. Esses ensaios controlados testaram formulações com fibras e/ou bactérias probióticas como lactobacilos na contenção dos sintomas dos transtornos: em geral, um grupo de voluntários tomava o produto; o outro, não.

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O saldo foi positivo: os participantes em uso de prebióticos, probióticos ou simbióticos apresentaram reduções significativas do quadro ansioso ou depressivo em contraste com pacientes apenas orientados a seguir mudanças no estilo de vida (o grupo controle).

Para entender as diferenças: prebióticos são substâncias como fibras não digeríveis que, ao serem fermentadas por bactérias do nosso intestino, geram moléculas com impacto protetor.

Os probióticos, por sua vez, são eles mesmos micro-organismos estudados por propriedades terapêuticas, geralmente encontrados em cápsulas, sachês ou bebidas lácteas.

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Já os simbióticos se referem à aliança entre pre e probióticos: ou seja, o uso concomitante de ambas as categorias, às vezes dentro de um mesmo produto.

Limitações e ponderações

Apesar dos resultados animadores, os próprios autores da revisão trazem ponderações a respeito.

“Agora é preciso comparar prebióticos, probióticos e simbióticos ao tratamento-padrão, identificar as cepas mais eficazes e entender melhor seu efeito nos sintomas de depressão e ansiedade”, escrevem os autores do estudo, publicado na revista médica Journal of Psychiatric Research.

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Isso porque ainda não está totalmente demonstrado que tipos de microrganismos, por exemplo, sustentam uma resposta terapêutica de longo prazo, assim como se busca compreender melhor os mecanismos de ação envolvidos.

Tampouco há estudos que comparam os pre e probióticos com os medicamentos normalmente prescritos para ansiedade e depressão. Acredita-se, por ora, que eles tenham um papel coadjuvante no tratamento – e, ainda assim, restrito a quadros leves e moderados.

Vamos aguardar as cenas (e cepas) dos próximos capítulos científicos.

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