Uma australiana foi considerada culpada nesta segunda-feira, 7, pelo assassinato de três familiares através de um almoço com cogumelos altamente venenosos cicuta verde (conhecidos como “death cap” em inglês). Erin Patterson, de 50 anos, respondia por triplo homicídio e por tentativa de assassinato do único sobrevivente.
Ela colheu os fungos em um local público após pesquisas na internet e os serviu em uma refeição seus ex-sogros, Don e Gail Patterson, faleceram junto com a irmã de Gail, Heather Wilkinson, em 29 julho de 2023. O marido de Heather, Ian, pastor local, sobreviveu, mas ficou internado por semanas. O ex-marido de Erin, Simon Patterson, não aceitou o convite para o almoço.
Em 30 de julho, os convidados foram ao hospital com sintomas de diarreia e vômito. Eles foram colocados em coma induzido numa tentativa dos médicos de salvá-los da intoxicação. Em 4 de agosto, Gail e Heather morreram por múltipla falência de órgãos. Don chegou a receber um transplante de fígado, mas não resistiu e faleceu no dia seguinte. Simon, por sua vez, foi liberado após depois de dois meses no hospital.
O julgamento mostrou uma pesquisa de Erin ao site de ciência iNaturalist, que ajuda a identificar plantas e animais, e que ela dois locais suspeitos em abril e maio de 2023, onde provavelmente colheu os fungos. Os advogados de Erin argumentaram que as mortes foram um “terrível acidente” e que sua cliente apenas tentava aprimorar o sabor da refeição. A defesa também alegou que ela mentiu à polícia por ter entrado em pânico ao perceber que os fungos eram tóxicos.
Não foi suficiente para convencer os 12 membros do juri. Pela lei australiana, nenhum jurado pode ser identificado publicamente, e eles estão proibidos de divulgar as deliberações do júri, mesmo após o término do julgamento. Nunca se saberá quais evidências influenciaram a decisão de cada jurado, mas todos os 12 eram obrigados a concordar com o veredito.
+ Austrália reconhece genocídio britânico contra povos originários em relatório histórico
Argumentos da promotoria
A promotora Nanette Rogers SC alegou o caso tratava de “quatro fraudes calculadas” e que “a primeira fraude foi a alegação forjada de câncer que ela (Erin) usou como pretexto para o convite para o almoço”. Rogers afirmou que doses letais de veneno foram escondidas em sanduíches caseiros de Bife Wellington.
Depois, a acusada tentou fingir que também havia sido envenenada para despistar os policiais. Mais tarde, acobertou as evidências: descartou um desidratador e restaurou dispositivos culinários para as configurações de fábrica. Rogers acusou Patterson de viver uma vida dupla. De um lado, mostrava ao mundo uma boa relação com os sogros. De outro, xingava a família do ex-marido em posts no Facebook.
“Estou de saco cheio dessa merda, não quero ter nada a ver com ele. Achei que os pais dele iriam querer que ele fizesse a coisa certa, mas parece que a preocupação deles em não querer se sentir desconfortáveis e não querer se envolver nos assuntos pessoais do filho está prevalecendo, então foda-se”, escreveu ela, acrescentando em outra publicação: “Essa família, puta que pariu, eu juro por Deus.”