Se o chefe do Senado, Davi Alcolumbre, ainda pensa em pacificar a relação com o Planalto, na Câmara, o clima é outro. Hugo Motta disse a aliados que os ataques petistas levaram a crise do IOF a um caminho sem volta, nessa atitude de jogar o povo contra deputados e senadores e de tentar usar o STF para derrubar uma decisão do Parlamento.
“Motta sabe que Lula o escolheu como alvo”, diz um aliado que aposta na escalada da crise e no fim das votações de interesse do Planalto na Câmara.
Na avaliação de um importante presidente de partido, se nada mais der certo para o governo no Congresso — a gestão, como se sabe, não tem rumo nem marca própria –, Lula jogará a culpa em Motta, no bolsonarismo e nas elites, dizendo que fracassou porque foi boicotado por forças reacionárias. “É o único discurso eleitoral que ele terá”, diz um cacique de centro.
Alvo de críticas diretas de Lula, Motta é visto com desconfiança por auxiliares do petista no governo, que consideram o chefe da Câmara mais comprometido com interesses da oposição do que do Planalto. Investigações da Polícia Federal contra a família do parlamentar, na Paraíba, também são citadas nesse “distanciamento”.
Sobre isso, aliás, um auxiliar de Lula lembrou, nesta semana, que Motta tem “telhado de vidro”. Com a PF apurando esquemas de corrupção — o caso está no STF — no reduto eleitoral da família do chefe da Câmara, a aposta é de que Motta pode até querer brigar com Lula e o governo, mas não vai poder brigar muito nem por muito tempo.
