O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, resolveram atacar de forma incisiva Jair Bolsonaro nesta semana. Pode ter sido um ato isolado, porque já houve outros momentos assim, ou se trata da mudança na comunicação do governo como um todo mirando 2026.
De toda forma, a questão que fica é: quem ganha com isso?
Não é usual ver um presidente da República chamando seu antecessor de “frouxo”, “covarde” (falta de coragem é isso), “covardão” (sim, Lula repetiu), “mentiroso”, entre outros insultos como “se borrando”.
Sou testemunha de que o presidente está certo. Vi a covardia e as mentiras de Bolsonaro na minha frente em antes da eleição de 2018, mas isso tem zero importância política.
A política se faz pelos políticos.
E, nela, Lula afirmou o seguinte: “Nunca vou pedir para vocês fazerem PIX para mim. Guardem o dinheiro para pagar os funcionários. Não quero PIX e jamais vou pedir anistia antes de ser condenado. Quem é frouxo não deveria fazer bobagem. E jamais vou pedir anistia antes de ser condenado. Quem é frouxo não deveria fazer bobagem. Quem não tem coragem não deveria fazer bobagem”.
Depois, completou: “O ex-presidente mentia 11 vezes por dia. Vocês viram a desfaçatez dele no depoimento? Ou seja, o país não merece isso. Este país é um país de gente séria. Você viu que ele é um covardão? Você viu o depoimento dele, né? Ele estava com os lábios secos e estava quase se borrando. É muito fácil ser corajoso dentro de casa, no celular falando mal dos outros”.
O presidente ainda tocou a bola para Fernando Haddad ao atacar Paulo Guedes, “o ministro liberal” de Jair Bolsonaro, apelidado de “posto Ipiranga”.
“Poucos países do mundo têm um ministro com a seriedade que o Haddad tem. Eu vi a quantidade de bravatas que o Paulo Guedes [antecessor de Haddad] fazia. Ninguém cobrava responsabilidade fiscal, porque ninguém cobrava o teto de gastos”, disse.
Haddad, a maior liderança petista depois de Lula, também chamou Bolsonaro de mentiroso, covarde e frouxo, mas com outras palavras.
“Eu não posso deixar de mencionar o ataque que o senhor sofreu do seu antecessor nas redes sociais que talvez tenha acordado chateado pelo fracasso do evento na paulista e resolveu atacar. O senhor amargou poucas e boas nesse país. Quando visitava o senhor como seu advogado o senhor nunca pediu, nunca pediu para qualquer de nós petistas, nem mesmo eu que representei o senhor em 2018, nunca pediu perdão, anistia. Esse nem foi julgado ainda e já tá pedindo perdão, já tá pedindo anistia, já tá correndo como sempre corre do debate. Desde 2018 eu tô esperando esse homem fazer um debate e ele tá sempre fugindo do debate. Se esconde nas redes sociais e hoje veio mais uma vez fazer uma coisa que raramente ele faz, que é mentir. Todo dia ele aparece com uma mentira nova. Hoje ele está acusando o senhor de cortar benefícios sociais, de cortar BPC. O senhor é o responsável pelo maior incremento de investimento em em programas sociais da história do Brasil”, discursou o ministro da Fazenda.
A política é feita de embates. Mas atirar em Bolsonaro neste momento tem qual significado politico para o governo Lula, para o presidente e o seu principal ministro? Talvez 2026 já tenha começado, e nós, eleitores e contribuintes, nem ficamos sabendo.
Eleição começando antes é pior para o próprio governo que precisa de tempo para governar. O clima já está horroroso no Congresso. O presidente e seu principal ministro deveriam, na verdade, estar fazendo propostas e negociando uma melhor relação com os partidos da base, em vez de atirar em Bolsonaro, cujo nome não estará na urna.