Uma relatora especial das Nações Unidas, Francesca Albanese, exortou, nesta quinta-feira, 3, que países ao redor do mundo cortem laços comerciais e econômicos com Israel, impondo um embargo à venda de armas para o Estado judaico, devido à sua “campanha genocida” em Gaza.
“A situação nos territórios palestinos ocupados é apocalíptica”, disse ela em discurso ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. “Israel é responsável por um dos genocídios mais cruéis da história moderna”, acrescentou, recebida com uma explosão de aplausos pelo Conselho de Genebra.
A missão de Israel em Genebra não se manifestou imediatamente – seu delegado sequer estava presente na câmara, em consonância com a nova política do país de desvinculação do Conselho de Direitos Humanos, que Tel Aviv afirma ter um viés antissemita. Mas, desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, rejeita com veemência as acusações de genocídio em Gaza, alegando que atua apenas segundo seu direito à autodefesa após o mortal ataque do grupo terrorista palestino Hamas contra o país.
Relatório: empresas que violam o direito internacional
No posto de relatora especial para os Territórios Palestinos Ocupados, Albanese é uma das dezenas de especialistas independentes contratadas pelas Nações Unidas para documentar abusos em todo o mundo. Seu último relatório cita mais de sessenta empresas privadas que, segundo ela, estão envolvidas em ações militares em Gaza e no apoio a assentamentos israelenses em territórios palestinos, como a Cisjordânia – considerados ilegais perante o direito internacional.
“O que eu exponho não é uma lista, é um sistema, e isso precisa ser abordado”, disse ela ao conselho. “Precisamos reverter a situação”, acrescentou, pedindo que os Estados-membros das Nações Unidas imponham um embargo total à venda de armas a Israel, suspendam todos os acordos comerciais com o país e garantam que as empresas conectadas à guerra e aos assentamentos enfrentem consequências jurídicas por seu “envolvimento em violações do direito internacional”.
A missão diplomática de Israel em Genebra, no início desta semana, afirmou que o último relatório de Albanese era “legalmente infundado, difamatório e um flagrante abuso de poder”.