A Reforma Tributária, aprovada no final de 2024, representa uma das maiores transformações no sistema de tributos do país nas últimas décadas e já é responsável por causar mudanças no mercado de trabalho brasileiro. Com a nova regulamentação, 53% das empresas do país devem contratar a partir de três novos colaboradores, segundo uma pesquisa da consultoria Robert Half. Ela analisou o impacto da Reforma Tributária no ambiente corporativo, com foco especial em capital humano e gestão de pessoas.
Entre as grandes companhias, 58% pretendem recrutar, ao menos, três novos funcionários, e 33% estimam aumentar a equipe com cinco profissionais. Nas pequenas e médias organizações, a expectativa gira em torno da abertura de dois a quatro postos de trabalho. Vitor Silverio, diretor da Robert Half, afirma que a disputa por talentos tende a se intensificar no cenário atual, uma vez que o país apresenta as menores taxas de desemprego da história. “Companhias que não se anteciparem correm o risco de enfrentar escassez de mão de obra e de sobrecarga nas equipes atuais”, diz.
Funções em alta
De acordo com o levantamento, 58% das vagas abertas serão para posições fixas e permanentes, enquanto 42% serão para projetos temporários. Quanto às áreas mais demandadas para a adequação à Reforma Tributária, elas são: Fiscal, Contábil, Tecnologia da Informação e Jurídico, respectivamente. E são para essas áreas as principais intenções de contratação:
Profissionais mais procurados (permanentes):
- Analista tributário
- Analista contábil
- Advogado(a) tributarista
- Especialista em compliance tributário
- Analista de sistemas ERP (foco em módulos fiscais)
- Gerente de tributos
Profissionais mais procurados (projetos temporários):
- Consultor(a) de ERP – Fiscal/tributário
- Especialista em parametrização de sistemas
- Analista de negócios
- Assistentes fiscais
- Consultor(a) jurídico tributário
- PMO (com conhecimento em tributação)
- Profissionais de TI com foco em integração e automatização tributária)
Hard skills (habilidades técnicas) mais demandadas:
- Programação
- Excel avançado
- Key users de sistemas (SAP, Oracle, etc)
- Compliance tributário
- Parametrização de sistemas ERP (SAP, Oracle, TOTVS, etc)
- Contabilidade fiscal e regulatória
- Ferramentas de BI para análise de impactos fiscais
Soft skills (habilidades comportamentais) mais demandadas:
- Capacidade analítica
- Comunicação com stakeholders técnicos e não técnicos
- Resiliência
- Proatividade e espírito colaborativo
- Agilidade
- Adaptabilidade
Planejamento
Segundo Vitor Silverio, o período de transição para o implemento total da reforma representará um momento de complexidade adicional, em que o sistema atual e o novo modelo de tributos coexistirão. Por isso, as organizações precisam estar preparadas, com atualizações nos sistemas de gestão fiscal, contábil e de tecnologia, além de revisões nos processos internos, precificação, contratos e compliance tributário.
50% das empresas acreditam que poderiam estar mais preparadas e 37% admitem estarem despreparadas, ainda que tenham iniciado o processo de análise, de acordo com o estudo. Apenas 11% se consideram plenamente confiantes. O diretor da Robert Half explica que estar preparado significa antecipar impactos financeiros, ajustar estruturas operacionais e formar equipes capacitadas para lidar com as novas regras. “Companhias que se organizarem desde já estarão em melhor posição para evitar riscos, aproveitar benefícios e garantir uma adaptação eficiente”, afirma.
