O Mercosul concluiu as negociações do acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), bloco formado por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein. O anúncio marca o encerramento de um processo iniciado em 2017 e reforça a estratégia do bloco sul-americano de ampliar sua presença internacional.
O tratado criará uma zona de livre comércio que abrange um mercado de aproximadamente 290 milhões de pessoas e um PIB combinado superior a US$ 4,3 trilhões. Com sua entrada em vigor, cerca de 99% do valor exportado pelo Brasil para a EFTA terá acesso em condições de livre comércio.
Os dois blocos fizeram o anúncio da conclusão das negociações em Buenos Aires (Argentina), onde será realizada nesta quinta-feira a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá a presidência rotativa do bloco sul-americano.
O vice-presidente da Suíça, Guy Parmelin, responsável pelas negociações comerciais do EFTA, chegou nesta terça a Buenos Aires para o anúncio do acordo. A assinatura final, no entanto, depende da aprovação pelos parlamentos de todos os países.
Durante as negociações, o Brasil buscou um texto que equilibrasse abertura comercial com a preservação de espaço para políticas públicas em áreas como saúde, ciência, tecnologia e sustentabilidade. O acordo estabelece compromissos em temas como propriedade intelectual, compras governamentais, serviços e investimentos, além de incluir cláusulas voltadas ao comércio sustentável.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões e importou US$ 4,1 bilhões em bens dos países da EFTA. Além de ampliar as trocas comerciais, o acordo deve contribuir para diversificar mercados e atrair investimentos. A Suíça, por exemplo, é o 11º maior investidor direto no Brasil, com estoque de US$ 30,5 bilhões. Já a Noruega é o principal financiador do Fundo Amazônia, com aportes que somam R$ 3,4 bilhões.
A nova parceria se soma ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia, cuja negociação foi finalizada no ano passado após mais de 20 anos de tratativas. Nesta segunda-feira, Lula afirmou que a assinatura formal do acordo será realizada até o fim de seu mandato como presidente temporário do Mercosul.