Muito antes das aves surgirem, um pequeno dinossauro de corpo esguio e pernas ágeis corria pelas paisagens úmidas do que hoje é o Colorado, nos Estados Unidos. Medindo cerca de dois metros de comprimento – sendo metade disso só de cauda – e com uma altura próxima à de um border collie, ele é a mais nova espécie reconhecida pela ciência: Enigmacursor mollyborthwickae.
A descoberta foi publicada na revista Royal Society Open Science e acaba de ganhar um lugar de destaque no Museu de História Natural de Londres. É o primeiro novo dinossauro a integrar o acervo permanente da instituição desde 2014.
Como era esse corredor do Jurássico?
Apesar de longo, o dinossauro tinha um porte leve e uma estrutura corporal que o tornava veloz. As pernas traseiras compridas e os pés grandes sugerem que ele era ágil até em terrenos instáveis. Herbívoro, provavelmente se alimentava de samambaias e outras plantas baixas. Caminhava sobre duas patas e, com seus braços curtos, podia ajudar a levar a comida até a boca.
Os pesquisadores estimam que o animal era jovem, já que partes de sua coluna ainda não estavam totalmente fundidas. Isso indica que ele poderia crescer mais ao longo da vida, embora o tamanho adulto exato ainda seja desconhecido.

Do comércio ao museu
Os fósseis foram encontrados entre 2021 e 2022, em uma propriedade privada no Colorado, e chegaram a circular no mercado de venda de fósseis. Chamaram a atenção da equipe do Museu de História Natural de Londres, que conseguiu adquirir o esqueleto graças ao apoio financeiro de Molly Borthwick, filantropa e patrocinadora de projetos científicos ligados à paleontologia. Como forma de agradecimento, os pesquisadores batizaram a espécie com seu nome.
Inicialmente, os ossos foram associados a um dinossauro já conhecido, o Nanosaurus, descrito com base em fósseis antigos e incompletos. Mas análises mais detalhadas mostraram que aquele material não sustentava a classificação. Assim, os cientistas criaram um novo gênero: Enigmacursor, que significa “corredor enigmático”.
Importância dos pequenos fósseis
A maioria das descobertas paleontológicas costuma destacar os gigantes do passado — como o Diplodocus ou o Stegosaurus, também encontrados na Formação Morrison, de onde veio o Enigmacursor. Mas essa nova espécie mostra que os pequenos dinossauros ainda guardam surpresas importantes para a ciência.
Os autores do estudo acreditam que muitos esqueletos semelhantes ainda estejam guardados em coleções de museus ou até soterrados, à espera de novos olhares. Enquanto isso, o ágil Enigmacursor mollyborthwickae já conquistou seu espaço entre os dinossauros conhecidos, ajudando a reconstituir a rica biodiversidade do Jurássico.