Conhecido pela capacidade de servir a qualquer governo, o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) estuda a possibilidade de disputar novamente as eleições. Derrotado em 2018 e 2022, ele tem confidenciado a amigos sobre o interesse de tentar mais uma vez conquistar um cargo no Legislativo ao, quem sabe, até o governo de Roraima no ano que vem.
Uma liderança do MDB próxima ao ex-senador conta que, por isso, ele tem acompanhado com especial atenção um o processo que pede a cassação do governador Antonio Denarium (PP-RR), acusado de abuso de poder político e desvio de recursos públicos.
Denarium já foi cassado quatro vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral e se mantém no cargo graças a um recurso ainda não analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Jucá aposta suas fichas na cassação definitiva do atual governador. Se isso acontecer, o ex-senador acredita que se abriria um cenário favorável para tentar voltar ao posto que já ocupou entre 1988 e 1990. Ele, porém, não descarta a hipótese de concorrer novamente ao Senado, onde esteve por 24 anos — período no qual também foi líder de quatro governos diferentes. “Jucá gosta mesmo é de Brasília, qualquer que seja o cargo”, disse uma pessoa próxima ao ex-senador.
Nas duas vezes em que tentou retornar ao Congresso, o emedebista não teve sucesso.
Nas redes sociais, Jucá tem adotado um discursos misterioso. “Trabalho para mim é missão. Já são 40 anos de dedicação à Roraima e ao Brasil. E vem mais por aí”, publicou ele em uma rede social. VEJA tentou contato com o ex-senador, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
“Estancar a sangria”
A carreira política do ex-senador desandou durante a Operação Lava-Jato. Ele foi gravado em uma conversa com o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, na qual afirmava, entre outras coisas, que “uma mudança” no governo federal (a saída de Dilma Rousseff e a ascensão do vice Michel Temer) resultaria em um pacto para “estancar a sangria (os estragos provocados pelas investigações )”. Na época, acusado de corrupção por um delator, o emedebista, que comandava o Ministério do Planejamento, pediu demissão, mergulhando no maior período de ostracismo de sua longa e controvertida carreira política.