O Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo questionou os gastos realizados por Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante uma viagem em que ele e sua mulher ficaram hospedados em um hotel de luxo no interior de Minas Gerais.
Em uma manifestação enviada ao Tribunal de Contas, a procuradoria classificou as despesas como irregulares e sustentou que a conduta de Jorge Lima “afrontou os ditames da probidade administrativa, da transparência e da moralidade”.
O caso se refere a uma viagem feita pelo secretário em agosto de 2024. O compromisso foi registrado na agenda oficial de Lima como “evento Carpe Diem” — um encontro entre empresários realizado no Hotel Fazenda Borges, no interior de Minas Gerais.
Ao analisar as despesas de Jorge Lima, chamou a atenção do Ministério Público o volume de gastos e os detalhes que sugeriam que o compromisso poderia ser privado e não uma agenda oficial. O próprio secretário classificou o evento dessa maneira ao publicar registros da viagem.
“Comemoração dos amigos da Carpe Diem. 51 anos de amizade. Que venham mais 50 anos. Alguns viajaram mas estavam em nossos corações na comemoração. Turma que surgiu (para alguns) em 1972 no Colégio Santo Antônio em Belo Horizonte”, escreveu em uma rede social. “Quadragésimo sétimo encontro da Carpe Diem. Conversas riquíssimas, lembranças inesquecíveis e um grupo que luta por um Brasil Melhor. Momentos fantásticos! Juntos podemos fazer mais”, disse em outra.
Ex-assessor de Paulo Guedes no governo de Jair Bolsonaro, o secretário informou ter gasto 5.000 de reais em três diárias no hotel e mais 3.000 reais em passagens aéreas e deslocamentos no período. Lima também foi perguntado sobre a presença de sua mulher na comitiva. Em resposta, o assessor de Tarcísio justificou que ela participou das discussões.
A procuradoria pediu ainda que o secretário enviasse o convite do evento, o que não foi feito. “Não se fornecendo nenhum elemento probatório em sentido diverso, há de se concluir que não foi realizado evento empresarial que justificasse o custeio do deslocamento e da hospedagem do senhor secretário, de sexta à segunda, em sofisticado hotel fazenda”, ressaltou o procurador José Mendes Neto, autor da manifestação.
Jorge Lima optou por devolver os recursos. A procuradoria, porém, destacou que a devolução do dinheiro não anula o fato de o secretário de Tarcísio ter cometido “desvio de finalidade”.
Procurado, ele não se manifestou até a publicação desta reportagem.