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O drama de um grande destino de luxo: há ricos demais para pouco espaço

Viver rodeado de luxo, em endereços exclusivos e com acesso a tudo que o dinheiro pode comprar, não livra os bilionários de enfrentar  alguns problemas. Em algumas cidades do mundo, onde a elite econômica decidiu se concentrar, o preço da exclusividade tem gerado situações no mínimo curiosas, especialmente no mercado imobiliário e nas questões relacionadas à infraestrutura urbana.

Um exemplo extremo é Monaco, o pequeno principado europeu cravado entre a França e o Mar Mediterrâneo, conhecido por abrigar uma das maiores concentrações de milionários e bilionários por metro quadrado do mundo. Com pouco mais de 2 km² de área total e uma política fiscal que atrai grandes fortunas, Monaco vive um problema inusitado: a falta de espaço físico para acomodar tanta gente rica. O metro quadrado ali é um dos mais caros do planeta em endereços mais disputados, como Monte Carlo e Larvotto. O The Wealth Report 2025 (Relatório da Riqueza), realizado pelo Instituto Knight Frank Wealth, aponta que você precisa de 1 milhão de dólares (R$ 5,8 milhões) para comprar cerca de 19 metros quadrados em Mônaco. Nesta conta, o metro quadrado em Monaco custaria aproximadamente 305 000 reais. Além dos preços exorbitantes, a escassez de terrenos para novas construções faz com que projetos imobiliários sejam extremamente restritos e disputados. Quem quer um pedaço de Mônaco precisa pagar, e muito, por isso.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, em uma ilha exclusiva na Flórida conhecida como Indian Creek Island – apelidada de “Billionaire Bunker” – outro tipo de desafio vem movimentando os moradores, entre eles figuras como Jeff Bezos, Tom Brady e Ivanka Trump, que habitam as únicas 40 propriedades do local. A prefeitura do lugar aprovou uma taxa extra para financiar melhorias no sistema de saneamento da ilha, com um custo estimado de aproximadamente 120 000 dólares por residência. Mesmo com moradores com patrimônio de centenas de milhões de dólares, o anúncio da taxa provocou reações inesperadas: muitos contrataram advogados, buscaram brechas legais e iniciaram movimentos para tentar evitar o pagamento. Alegam que a cobrança foi mal planejada, que o valor é abusivo e que o processo de aprovação foi pouco transparente.

Incrível pensar como os moradores podem se queixar do valor de uma taxa dessa, quando as propriedades custam enormes fortunas. Em dezembro de 2024, um lote de 7200 m2 localizado ao lado da casa de Jeff Bezos, fundador da Amazon, foi vendido a um novo bilionário sem nome divulgado por mais de 100 milhões de dólares.

Esses dois exemplos, com contextos e motivos distintos, revelam um mesmo pano de fundo: os dilemas da convivência urbana e os desafios da infraestrutura atingem a todos, independentemente da conta bancária. No caso de Monaco, a supervalorização imobiliária cria uma espécie de “crise do excesso”: excesso de riqueza, excesso de demanda e escassez de espaço. Já em Indian Creek Island, o que está em jogo é a resistência em arcar com custos públicos adicionais, mesmo entre os mais privilegiados.

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O setor imobiliário, nesses casos, vira palco central dessas tensões. A busca por localizações exclusivas, aliada à pressão por infraestrutura de qualidade e à tentativa constante de manter os privilégios de poucos, acaba criando um cenário onde as dificuldades modernas dos bilionários se parecem, guardadas as devidas proporções, com as discussões que afetam qualquer outra comunidade: onde morar, quanto pagar e como dividir os custos da cidade.

No fim das contas, seja disputando um apartamento com vista para o Mediterrâneo ou brigando por uma taxa de saneamento em uma ilha particular, os bilionários mostram que nem todo problema se resolve com dinheiro. Quando o assunto é cidade, vizinhança e espaço urbano, os dilemas são universais e, às vezes, até os mais ricos têm que escolher entre abrir a carteira ou entrar na briga.

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