A Rússia afirmou nesta segunda-feira, 23, que sua parceria com o Irã é “inquebrável” e defendeu o direito de Teerã à autodefesa diante dos recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares. A declaração foi feita pelo vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, que classificou a retaliação iraniana como “absolutamente legítima”.
“O Irã está agindo dentro da estrutura do direito internacional”, disse Ryabkov à agência estatal TASS durante visita do chanceler iraniano, Abbas Araghchi, ao Kremlin. O diplomata acrescentou que Moscou mantém “contatos constantes” com o governo iraniano, embora não tenha detalhado se há pedidos por ajuda militar.
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Horas antes, o presidente Vladimir Putin já havia sinalizado o apoio de Moscou a Teerã, ao receber oficialmente o ministro iraniano em Moscou. Durante encontro, Araghchi entregou uma carta pessoal do aiatolá Ali Khamenei pedindo mais apoio contra Israel e os EUA. Durante o encontro, Putin chamou os ataques americanos de “agressão injustificada” e afirmou que a Rússia está “se esforçando para ajudar o povo iraniano”.
A reunião ocorre em meio à escalada do conflito entre Irã e Israel, que ganhou novo impulso no sábado, 21, quando os EUA entraram diretamente na guerra e atacaram três instalações nucleares no território iraniano. O governo americano sustenta que Teerã estaria próximo de produzir uma arma atômica, algo que o Irã nega.
Embora a Rússia tenha comprado armas do Irã e assinado um acordo de parceria estratégica de 20 anos com Teerã no início deste ano, a aliança formal não inclui cláusulas de defesa mútua, o que limita as possibilidades de intervenção direta da Rússia. Fontes próximas ao governo iraniano indicam que o país esperava fornecimento de armas, mísseis e suporte tecnológico semelhante ao concedido por Washington à Ucrânia desde 2022.
Nos bastidores, cresce a pressão para que Moscou vá além do discurso. Segundo fontes iranianas ouvidas pela Reuters, o governo iraniano quer que Putin “faça mais”, sugerindo que a Rússia ofereça ao Irã sistemas de defesa aérea, mísseis e inteligência por satélite.
Na noite de domingo, o Ministério das Relações Exteriores russo condenou “com veemência” os ataques americanos, classificando-os como uma violação da Carta das Nações Unidas. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que a entrada de novos atores no conflito “empurra a região para uma espiral ainda mais perigosa de instabilidade”.
