O petróleo do tipo Brent, que serve de referência para os preços da Petrobras, já acumula uma alta de 21% em junho, pressionado pela escalada da crise entre Israel e Irã. Os contratos futuros com vencimento em setembro saltaram de 63,90 dólares por barril, em 30 de maio, para 77,10 na última sexta-feira, 20. Na manhã desta segunda-feira, 23, o barril operava em ligeira queda de 0,09%, a 75,41 dólares, por volta das 10h.
O conflito entre israelenses e iraniano se agravou neste fim de semana, após o envolvimento direto dos Estados Unidos. No sábado, 21, os americanos realizaram ataques aéreos contra três instalações nucleares do Irã, envolvendo os dois principais centros de enriquecimento de urânio do país (Fordow e Natanz), e um depósito onde se acredita que o material radioativo seja armazenado. As informações foram divulgadas pelo próprio presidente americano, Donald Trump.
Os ataques provocam o temor de retaliações do Irã, acusado por americanos e israelenses de enriquecer urânio com fins militares – seu objetivo seria desenvolver bombas atômicas. Teerã nega as acusações e promete revidar. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, classificou a agressão como “um grave erro” do “inimigo sionista”. O ataque americano foi seguido por novos bombardeios lançados por Israel contra o território iraniano.
O envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito repercutiu durante o fim de semana. Trump não descartou ações que promovam a mudança do regime no Irã, e afirmou que o atual é incapaz de “tornar o Irã grande novamente”. Para completar a provocação, o presidente americano resumiu sua visão em uma nova sigla: MIGA (Make Iran Great Again), em alusão ao MAGA (Make America Great Again).
A escalada do petróleo acompanhou o acirramento das tensões geopolíticas no Oriente Médio ao longo de junho. O primeiro salto da cotação, de 7%, ocorreu em 13 de junho, data que marca o início do conflito. Naquele dia, Israel bombardeou instalações militares iranianas, sob o pretexto de que o país estava muito próximo de concluir o desenvolvimento de armas nucleares. Desde então, os dois lados alternam ataques militares e trocas de acusações pelos canais diplomáticos.
O temor dos analistas é que o Irã decida fechar o estreito de Ormuz, rota por onde escoa 20% da produção mundial de petróleo. O bloqueio atingiria o abastecimento da Europa e da América. Neste domingo, o Parlamento iraniano aprovou o fechamento. Para entrar em vigor, contudo, a medida precisa ser chancelada pelo aiatolá Khamenei. A restrição poderia catapultar a cotação do petróleo para mais de 100 dólares, segundo o banco americano Goldman Sachs.