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Nova caneta contra obesidade reverte pré-diabetes e tem efeito potente no peso

CHICAGO* – A combinação entre uma nova molécula e a semaglutida, substância já estabelecida no tratamento de diabetes (Ozempic) e obesidade (Wegovy), levou a resultados promissores em um estudo de fase 3 apresentado neste domingo, 22, durante a reunião anual da Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês), evento que reúne 12 000 médicos em Chicago, nos Estados Unidos. Em uma dupla de ensaios clínicos publicada no periódico científico The New England Journal of Medicine, o tratamento em testes CagriSema fez com que 87,7% dos voluntários com pré-diabetes atingissem níveis normais de glicemia e levou à redução de peso de 13,7% em pessoas com diabetes, grupo que apresenta dificuldade para emagrecer e necessita da perda de peso para controle da doença.

Além da semaglutida (Wegovy), a CagriSema conta com o análogo da amilina, a cagrilintida, que tem ação na saciedade e no esvaziamento mais lento do estômago.

No estudo REDEFINE 1, realizado com 3 417 adultos com obesidade, mas sem diabetes, os voluntários foram acompanhados por 68 semanas e separados em quatro grupos que receberam o medicamento em teste — a CagriSema (cagrilintida 2,4 mg e semaglutida 2,4 mg) –, apenas cagrilintida 2,4 mg, somente semaglutida 2,4 mg e o placebo.

A avaliação dos desfechos apontou uma perda de peso média de 22,7% em participantes com obesidade e sobrepeso. O índice de participantes que perderam mais de 20% do peso corporal foi de 60,2% e 40,4% emagreceram 25%. A pesquisa mostrou ainda que quase um quarto dos voluntários atingiram perda de peso igual ou superior a 30%.

“O tratamento com CagriSema foi associado a melhoras substanciais na pressão arterial, glicemia e dislipidemia (colesterol alto) e também à redução significativa da circunferência abdominal”, disse, durante a apresentação, Timothy Garvey, pesquisador que atuou no estudo e diretor do Centro de Pesquisa em Diabetes da Universidade do Alabama em Birmingham, nos Estados Unidos.

Esses indicadores contribuem para o controle não só de diabetes e obesidade, mas de doenças cardiovasculares. Houve redução de 32,7% nos triglicérides, de 32% no colesterol ruim (LDL), de 4,1% no colesterol total e de 8,3 centímetros de circunferência abdominal. O colesterol bom (HDL), por sua vez, aumentou 14,1%.

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No entanto, o dado mais animador foi em relação às pessoas diagnosticadas com pré-diabetes: os índices de açúcar no sangue caíram e se estabeleceram em níveis normais para quase 90% deles (87,7%). A população com esse quadro correspondia a cerca de um terço dos voluntários.

“Pré-diabetes não é uma pré-doença, já é a doença, assim como a obesidade. Se a pessoa não quer ter diabetes, tem de perder peso”, explica João Salles, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e diretor do departamento de medicina da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. No Brasil, entre 40 e 50 milhões de pessoas vivem com pré-diabetes.

No grupo placebo, 32,2% estabilizaram a glicemia. Esse índice se explica com o fato de que, mesmo sem receber medicamentos, todos os participantes passaram a adotar mudanças no estilo de vida, incluindo atividades físicas e uma dieta saudável, fatores essenciais para redução de peso com saúde.

Em ambos os estudos, os principais eventos adversos foram gastrointestinais, como náusea, vômito e diarreia, com taxa de desistência por efeitos colaterais de 6% no REDEFINE 1 e de 8,4% no REDEFINE 2.

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Diante dos achados, a Novo Nordisk planeja submeter a combinação nas agências internacionais no primeiro quadrimestre do próximo ano.

Perda de peso em pacientes com diabetes

Mesmo com as medicações de última geração para obesidade, os pacientes com diabetes enfrentam dificuldades para emagrecer por mecanismos ligados à doença, como processos inflamatórios, que resultam em danos nas células nervosas que atuam na regulação do peso.

Foi com alvo nesses pacientes que foi desenvolvido o REDEFINE 2, que avaliou 1 206 participantes. No grupo que recebeu CagriSema, a redução de peso foi de 13,7% também em 68 semanas.

Louis Aronne, professor do Weill-Cornell Medical College, em Nova York, disse, ao comentar os dados, que os resultados são “até o momento, os melhores dessa categoria de medicamento”. Segundo ele, os resultados são comparáveis com a tirzepatida (Mounjaro), medicamento que, em estudos, demonstrou ser capaz de reduzir o peso em 15,7% nessa população, mas em 72 semanas —  quatro a mais –.

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O estudo mostrou ainda que o tratamento em teste foi capaz de melhorar o controle glicêmico dos pacientes com diabetes: 73,6% dos participantes que usaram a CagriSema alcançaram níveis de hemoglobina glicada, a média de glicemia nos últimos três meses, igual ou abaixo de 6,5%. De acordo com a ADA, a meta para pessoas que vivem com a doença é manter esse índice abaixo de 7%.

Para quem convive com diabetes e obesidade, os estudos comprovam a eficácia dos medicamentos, mas reforçam o conceito de que é fundamental embarcar em um plano que resulte em mudanças de hábitos e com acompanhamento profissional para monitorar os avanços e fazer os ajustes necessários ao longo do processo.

*A repórter viajou a convite da Novo Nordisk

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