counter Os cinco fatos que resumem o conturbado ano político de 2025 – Forsething

Os cinco fatos que resumem o conturbado ano político de 2025

O ano foi conturbado, leitoras e leitores. Mas 2026 será ainda mais intenso, dado que é ano eleitoral. Quando olhamos para traz neste último dia de 2025, temos que reconhecer que vivemos muitas emoções, como diria Roberto Carlos. Vou concentrar aqui na coluna, para facilitar a memória, os cinco fatos mais marcantes.

O julgamento dos golpistas

Assunto que tomou o ano inteiro porque foram várias etapas do julgamento, vários núcleos. Mas o núcleo crucial parou o país. Generais, almirante, todos estrelados, e um capitão, sem estrela, que concentrava mais a atenção: o líder da extrema direita, Jair Bolsonaro. No dia de ouvir os réus, Bolsonaro tentou fazer graça com Alexandre de Moraes e o convidou para vice em 2026. “Eu declino”, respondeu o ministro. No final, Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão e começou a cumprir a pena dias antes da execução da sentença. É que ele tentou se livrar da tornozeleira com uma máquina de solda e isso foi detectado pela Polícia Federal. Deixando de lado os fatos bizarros, 2025 teve uma marca inédita. Nunca antes o país havia julgado, condenado e colocado na prisão golpistas, incluindo generais. Como tenho dito aqui, leitores, essa impunidade marcou a história do país e tem alimentado a volta constante dos golpes e ameaças sobre a democracia brasileira.

O fracasso de zero três

Eduardo, o terceiro filho de Bolsonaro, se auto-exilou nos Estados Unidos e de lá construiu uma trincheira para atacar o Brasil. Durante um tempo pareceu ser bem sucedido. O presidente Donald Trump ameaçou o país, exigiu o fim do processo contra Bolsonaro, impôs pesadas tarifas e aplicou sanções da lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, por exemplo. Mas bastou 39 segundos de contato entre o presidente Lula e Trump, durante a assembléia da ONU em setembro, para o  americano dizer que houve uma “química” entre os dois. Essa química acabou levando a contatos por telefone e pessoais entre os dois presidentes. As ameaças foram abandonadas, as tarifas reduzidas e as sanções contra ministros do Supremo suspensas. O petista saiu por cima. Já o Zero Três acabou o ano cassado e abandonado por Trump.

As brigas entre poderes

Elas atravessaram o ano. Era conflito do Executivo com Legislativo, briga do Congresso com Judiciário e briga do Supremo com Congresso. Ninguém se entendeu. E certos lances, ninguém conseguiu resolver o quadro de tensão. Um exemplo foi a decisão do ministro Gilmar Mendes de mudar a lei do Impeachment, tirando o trecho que estava escrito “todo cidadão” por “apenas o procurador geral da República”, referindo-se a quem pode pedir impeachment de ministro de Supremo. Acabou recuando em parte, mas era uma forma de o STF alertar que no ano que vem impeachment de ministro não pode virar assunto de palanque.

Direita dividida

A direita é o campo político que tem mais candidato a presidente por metro quadrado. O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, o preferido do mercado financeiro, passou o ano esperando a benção de Jair Bolsonaro. Chegou até a agredir o Supremo verbalmente para ver se agradava o chefe, mas Bolsonaro fez o de sempre: ficou na família. Escolheu seu filho Flávio para representar o bolsonarismo na candidatura presidencial. Por falar em família, Michelle, que durante um tempo flertou com a ideia de ser a escolhida do marido para a campanha presidencial, fez uma mensagem no fim do ano falando em “traição de pessoas mais próximas”. Vários partidos da direita torceram o nariz para o primogênito do clã, o governador de Goiás Ronaldo Caiado diz que manterá a candidatura, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, saiu do governo paulista e se prepara para lançar Ratinho Jr. De Minas Romeu Zema continua falando em candidatura.

Continua após a publicidade

Anistia que virou dosimetria

Quando viu os golpistas-em-chefe condenados, a direita e o centrão tentaram emplacar um projeto de anistia, que perdoava até crimes ainda nem cometidos. Nunca se viu anistia prévia. Mas tinha isso nos projetos. No fim, o que acabou votada foi a redução de penas, inaugurando a palavra “dosimetria” no criativo dicionário da política brasileira. A decisão final ficou para o ano que vem, confirmando o que estou dizendo aqui leitores: se achou o ano tenso, espere o próximo. E por falar em pendência para 2026, a liquidação do Banco Master provocou terremoto político e jurídico e com tremores prometidos também para o ano que vem. Tanto ministros do Supremo ficaram na berlinda, quanto o desdobramento do caso ameaça muitos políticos. O ministro Alexandre de Moraes, cuja mulher tinha um contrato de assistência jurídica com o Master, teria procurado o presidente do BC, o que ainda não se confirmou. Dias Toffoli chamou o caso a si, e tem tomado decisões controversas, depois de um voo para Lima em companhia do advogado de um dos réus. Esse assunto que tumultua a fronteira entre a política, a economia e a justiça dará ainda muito o que falar. O banqueiro do banco quebrado, Daniel Vorcaro, tem muitas conexões com poderosos de todos os poderes. 

Por isso, aproveitem o descanso leitoras e leitores… 2026 promete. Feliz Ano Novo.

Publicidade

About admin