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Filhotes de Milei: à direita e à esquerda surgem líderes tipo do argentino

Javier Milei teve um 2025 excepcional: quando tantos o davam por morto e enterrado, ele deu uma guinada, seus candidatos ganharam eleições legislativas e o programa de reformas radicais não só continuou como está avançado além de todos os prognósticos. O presidente argentino também se tornou inspirador dos que sonham com uma burocracia estatal encolhida, menos impostos, menos regulamentações e melhores condições para que o empreendedorismo, não o Estado grande e as estatais que não precisam dar lucro, se torne o motor do crescimento.

É claro que um fenômeno dessa natureza não passou despercebido e Milei gerou filhotes, jovens políticos de estilo populista que falam coisas banidas do discurso público comum e pregam passar uma metafórica motosserra no sistema. Um dos maiores representantes dessa leva veio da Polônia e bagunçou o modelo político habituado à alternância ou coexistência (como os atuais primeiro-ministro e presidente) de representantes da centro-esquerda e da direita. É Slawomir Mentzen, bom de comunicação, bom de X, bom de YouTube e bom de Instagram. E, mais recentemente, bom de voto.

Criador da frente Confederação, que deu um suadouro nos candidatos tradicionais à presidência e comemorou os resultados positivos na eleição de maio, que o deixaram em terceiro lugar e com um terço dos votos dos eleitores de menos de trinta anos, com um post onde aparece com charuto, cerveja e a frase: É assim que me sinto desde ontem. Amo o cheiro do terror esquerdista pela manhã”.

Ao contrário do descabelado Milei, ele tem uma aparência perfeitamente arrumada, a única possível para a maioria do eleitorado polonês. Filho de um professor universitário de matemática, graduou-se em ciência da computação e física teórica, com doutorado em economia. Diz que está no espectro autista e considera isso um superpoder que o torna “metódico, focado e imune ao teatro da política”.

Mentzen resumiu suas posições ao convidar os dois candidatos ao segundo turno da eleição presidencial a se pronunciarem em seu programa no YouTube sobre a plataforma de seu partido: não ao aumento de impostos, não ao controle de armas, não a restrições à liberdade de expressão, não a novos tratados com a União Europeia e não à entrada da Ucrânia na Otan. O ganhador foi Karol Nawrocki, o candidato da direita conservadora que pareceu, em comparação com Mentzen, altamente moderado.

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A Polônia tem uma economia saudável, embora gravada pelo problema europeu comum de benefícios sociais difíceis de sustentar, e nem de longe está no contexto de inflação descontrolada e esgotamento dos partidos tradicionais que ajudou a propulsionar Javier Milei na Argentina. Mas as suas ideias libertárias encontram uma contrapartida em Mentzen. Seu maior problema é uma declaração atroz feita em 2019: “Nós não queremos judeus, homossexuais, aborto, impostos e a União Europeia”. Ele diz que estava satirizando posições do eleitorado conservador, mas é claro que estas palavras sempre são relembradas pelos adversários.

Outro filhote de Milei é o espanhol Alvise Pérez, criador de um partido totalmente improvisado chamado A Festa Acabou, com o qual se elegeu, além de mais dois seguidores, para o Parlamento Europeu em junho. Pérez tem 34 anos, foi de centro-esquerda quando morou na Inglaterra, onde estudou e trabalhou eventualmente como lavador de pratos, mudando de conceito ao ver como os políticos britânicos realmente fazem encontros com os eleitores e como a mídia independente é financiada, tornando o Reino Unido, tal como os Estados Unidos, uma potência democrática, o que a Espanha não é mais”.

De volta à Espanha, ganhou um milhão de seguidores e também uma montanha de processos de políticos a quem acusa de corrupção. Assumiu que quis o mandato de deputado no Parlamento Europeu para ganhar imunidade e também verbas eleitorais. “Eu poderia ser o Milei da Espanha”, disse, atribuindo sua ascensão a um erro tão grande do sistema que as pessoas estão procurando um justiceiro”. Com a plataforma anti-imigração, concorre à direita com Santiago Ascabal, o presidente do partido Vox e ele sim um amigo de Milei.

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À esquerda, o estilo motosserra elegeu como prefeito de Nova York Zohran Mandani, filho de indianos muçulmanos nascido em Uganda que professa ideias comunistas e abomina judeus – nada menos no que na cidade mais capitalista e com a maior população judaica dos Estados Unidos.

Ideias espantosas também são professadas por Zack Polanski, um líder do partido Verde do Reino Unido que está empolgando a militância. Ele é judeu, gay e acha que Israel cometeu genocídio em Gaza. Quer usar os mais de 500 milhões de dólares de um programa de contenção de imigrantes clandestinos vindos através da França num outro sistema, de “bondade” em relação aos procedentes, na maioria, de países muçulmanos.

Polanski nasceu David Paulden, mas reassumiu o sobrenome da família, vinda da Europa Oriental. Quer abolir a monarquia, não tem um dente da frente e começou a vida profissional como hipnoterapeuta. Quanto mais diz coisas completamente absurdas, mais aumenta sua popularidade.

O único que conseguiu conjuminar as duas coisas e ser eleito presidente até agora foi Milei, mas tem muitos querendo trilhar o caminho que ele abriu.

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