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O que o filme “Tudo bem no Natal que vem” ensina sobre bons hábitos

É uma honra poder me referir a um filme brasileiro que faz sucesso no mundo inteiro, principalmente, quando o ator principal é meu paciente e amigo, o talentosíssimo Leandro Hassum. Fim de ano, época de festas e, talvez, esse enredo possa nos levar a entender melhor o efeito sino, quer dizer, sanfona.

Na comédia “Tudo bem no Natal que vem”, Hassum vive um personagem que no Natal, ao acordar, não percebeu que o ano passou e terá que conviver com as consequências dos erros que cometeu. Ele demora a entender o que está acontecendo, e quando tem ciência da realidade, se vê frustrado até achar uma solução para não acordar novamente e reviver suas antigas falhas.

A história do portador da doença obesidade revela muitos Natais passados: as tentativas frustradas de dietas e o uso de medicações para emagrecer na maior parte das vezes o leva a acordar e ainda estar obeso, levando-o a decepções e desespero. A doença é crônica e não tem culpados. Falhas metabólicas, genéticas e fisiológicas resultam em mais ganho de peso do que deveria e o mantém preso a um corpo que gostaria que pertencesse ao passado. Assim como no filme, quanto maior o tempo de obesidade, maior a dificuldade na perda de peso. Órgãos como o hipotálamo vão cansando e, com isso, diminuindo a chance de reverter a doença, pois respondem menos às medicações e até às mudanças hormonais da cirurgia.

O equilíbrio no ganho e perda de peso envolvem sistemas muito complexos do nosso organismo e não podemos achar que seja uma relação direta com o que comemos ou perdemos com uma atividade física, por exemplo. Se a prática de exercícios, mesmo que intensa, conseguisse esse resultado, um ultramaratonista acabaria seu percurso como um pequeno gnomo, que embrulha os presentes do velho Noel, pois ele iria se desfazendo. É obvio que há um rigoroso controle do que iremos perder e como e onde vamos acumular. A genética é complexa e os mecanismos de controle também. Alguns tem tendência a acumular gordura no interior do abdômen, a chamada gordura visceral, que afeta diversos sistemas levando a doenças cardiovasculares, hepáticas e metabólicas como diabetes. Outros acumulam na região do quadril, por exemplo, que tende a ser menos problemática ao nosso metabolismo.

Mesmo os portadores de obesidade mórbida operados, como já foi nosso protagonista, se não souberem o que comer nas suas ceias, podem acordar um dia com o corpo do Natal passado, voltando à história da obesidade.

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Assim como na trama, para reverter esse feitiço chamado obesidade, é preciso realmente mudar. Seja por meio da cirurgia ou da opção dos novos e eficientes tratamentos clínicos, é preciso se transformar e saber se manter assim.  Na comédia do nosso querido Leandro, ele reaprende o que é cuidar, a importância da família, a mudar seus hábitos errados, a amar e ser amado e que isso deve ser constante, não só porque o feitiço pode voltar, mas porque é muito melhor.

Esse filme, feito por um ex portador de obesidade mórbida, é um presente: a reflexão sobre ter bons hábitos sejam ligados à saúde ou de vida em geral. Porque diferente do filme, na vida real não temos a chance de voltar ao passado e corrigir os nossos erros. O tempo segue em frente, indiferente aos nossos arrependimentos, e cada escolha feita fica registrada na memória ou no próprio corpo. Cuidem-se e boas festas!

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