O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que forças americanas atacaram uma “grande instalação” na Venezuela na semana passada, sem fornecer detalhes sobre o alvo, a localização ou a natureza da operação. A Casa Branca não confirmou oficialmente a ação, e o governo venezuelano não se pronunciou.
“Derrubamos uma grande planta, uma grande instalação, de onde os navios saem. Há duas noites, nós a destruímos. Então, atingimos eles muito duramente”, disse Trump na sexta-feira, durante conversa com o empresário John Catsimatidis, doador do Partido Republicano, segundo relato do jornal britânico The Guardian.
Caso o ataque seja confirmado, trata-se da primeira ofensiva terrestre dos EUA em território venezuelano desde que o Pentágono iniciou um reforço militar na região do Caribe, oficialmente com o objetivo de combater o narcotráfico. A administração Trump afirma que essas operações miram redes que atuariam sob orientação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Nos últimos meses, porém, a justificativa inicial deu lugar a uma estratégia mais ampla de pressão econômica e militar. Autoridades americanas descrevem a atual postura como uma “quarentena marítima” destinada a interromper as exportações de petróleo da Venezuela, que utilizam uma frota internacional de petroleiros fora do controle direto de sanções, com exceção da Chevron, única empresa autorizada a exportar petróleo venezuelano aos EUA.
Trump vem alertando publicamente que está disposto a ampliar a campanha militar, incluindo ataques dentro do território venezuelano, medida que, em tese, exigiria autorização do Congresso americano.
Imagens divulgadas nas redes sociais em 24 de dezembro mostraram uma explosão que teria ocorrido na zona industrial do município de San Francisco, no estado de Zulia, no oeste da Venezuela.
As imagens, no entanto, não foram verificadas de forma independente, e não há confirmação de que estejam relacionadas à declaração do presidente.
Um funcionário do governo ouvido pela emissora CNN afirmou que Trump se referia a uma instalação ligada ao tráfico de drogas. Ainda assim, não houve confirmação oficial nem detalhes adicionais sobre a suposta operação.
Até o momento, não há relatos independentes vindos da Venezuela que confirmem o ataque descrito pelo presidente americano.
Segundo o Guardian, o atual deslocamento militar dos EUA na região representa a mais ampla ação de fiscalização marítima do governo Trump. Cerca de 15 mil militares estariam posicionados no Caribe e no Golfo do México, incluindo um grupo de ataque de porta-aviões, caças F-35 e embarcações da Guarda Costeira, com a missão de reforçar sanções já existentes contra o regime de Maduro.
Especialistas em política internacional veem o endurecimento como parte de uma estratégia de coerção econômica e geopolítica, em um momento de crescente instabilidade regional e de disputas sobre controle energético, especialmente envolvendo o petróleo venezuelano.