Método indicado para o controle e interrupção de soluços persistentes, o bloqueio do nervo frênico é considerado um procedimento eficaz para tratar a condição e preciso por ser guiado por ultrassom, segundo publicações científicas que abordam o tema consultadas pela reportagem de VEJA. Na tarde desta segunda-feira, 29, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser submetido à técnica que impede a transmissão de impulsos nervosos para o diafragma, músculo relacionado com a respiração.
No último sábado, 27, médicos realizaram a intervenção no nervo do lado direito e, agora, será a vez da estrutura no lado esquerdo. Os nervos frênicos estão localizado entre o pescoço e o tórax, onde se conectam com o diafragma, por isso, conseguem executar a função de controlar o músculo.
São eles que enviam os sinais para que o diafragma faça os movimentos de contração e relaxamento fundamentais para a respiração. E o funcionamento deles é essencial por serem as únicas estruturas do corpo que possuem essa capacidade.
“Às vezes, a irritação do nervo frênico causa soluços que duram dias, um mês ou até mais”, diz artigo do centro médico acadêmico estadunidense Cleveland Clinic. “O soluço persistente pode ser desconfortável e irritante. Pode afetar sua capacidade de falar, dormir e comer”, completa.
Ainda de acordo com a instituição, procedimentos cirúrgicos podem levar a esse estado que faz com que os nervos desencadeiem as contrações contínuas no diafragma. Bolsonaro fez uma série de cirurgias na região abdominal desde que foi atingido por uma facada durante a campanha presencial em 2018.
Sem cirurgia
Na intervenção, não é necessário fazer cortes no paciente. Utilizando um ultrassom, os médicos mapeiam os nervos, considerados de difícil localização por causa do tamanho, e injetam anestésicos neles, interrompendo os estímulos para o diafragma.
“A ultrassonografia fornece informações não invasivas sobre a anatomia e permite que os anestesiologistas visualizem a inserção da agulha, identifiquem a localização exata da solução injetada e evitem estruturas como artérias ou veias. Portanto, esse método deve ser utilizado ativamente”, explica um estudo conduzido pelo Departamento de Anestesiologia, Terapia Intensiva, Atendimento de Emergência e Medicina da Dor do Hospital Universitário de Turku, na Finlândia.
Os estudos sobre o método indicam que os pacientes deixaram de apresentar os soluços persistentes e não tiveram efeitos colaterais. Relatos de casos acompanhados por pesquisadores apontam que, depois do bloqueio, os soluços pararam até 24 horas. E não retornaram.
Cirurgia e internação
Bolsonaro está internado desde a última quarta-feira, 24, no Hospital DF Star, em Brasília, e foi submetido a uma cirurgia para correção de hérnias inguinais no dia 25.
Segundo o último boletim médico, divulgado neste domingo, 28, o ex-presidente teve uma nova crise de soluços — mesmo com o bloqueio do nervo frênico direito — e elevação da pressão arterial. Depois, o quadro se estabilizou. Ele seguia fazendo fisioterapia para reabilitação e recebendo tratamento para evitar episódios de trombose venosa.