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Em temperatura elevada, tensão entre Congresso e governo indica atritos para 2026

O mínimo que se pode dizer é que foi uma situação constrangedora. Com o cerco se fechando sobre Jair Bolsonaro, aliados do ex-presidente decidiram ocupar o plenário da Câmara dos Deputados com o objetivo de pressionar o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) a colocar em votação o projeto da anistia. O motim, ocorrido em agosto e transmitido ao vivo para todo o país, pôs em dúvida a capacidade de liderança do jovem deputado paraibano. Os parlamentares ocuparam a mesa diretora, entoaram palavras de ordem e obstruíram as votações. Foram dois dias de baderna. A confusão pôs à prova aquele que seria o principal talento do parlamentar: a capacidade de conciliar interesses políticos absolutamente distintos.

Eleito em fevereiro com o apoio do PT de Lula e do PL de Bolsonaro, Motta, apesar da pressão, se negou a colocar o projeto de anistia em votação, o que resultou em elogios dos governistas e críticas ferozes dos bolsonaristas. Logo depois, veio a compensação. Ele entregou a Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, a relatoria do vistoso projeto de combate à criminalidade — dessa vez acenando a bolsonaristas e provocando a fúria dos governistas. O Senado também registrou um motim pela anistia, mas foi outra rebelião que fez a temperatura política subir.

Em novembro, Lula indicou o advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Governista e dono de enormes nacos de poder na Esplanada dos Ministérios, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se insurgiu. Ele defendia para o cargo a escolha do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu antecessor e braço direito. Lula, no entanto, preferiu um petista de sua estrita confiança. Em retaliação, Alcolumbre marcou de imediato a sabatina do advogado-geral — iniciativa que não dava a Messias tempo suficiente para tentar conquistar os votos necessários para a aprovação de seu nome. Para evitar uma provável derrota, o Palácio do Planalto não enviou a notificação formal ao Congresso. A sabatina foi então cancelada — e o desfecho do caso, empurrado para o ano que vem.

Publicado em VEJA de 24 de dezembro de 2025, edição nº 2976

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