O Datafolha trouxe um retrato que vale mais do que muita tese: o Brasil que se autoidentifica politicamente está mais à direita do que à esquerda.
Pelos números, 46% dos entrevistados se colocam na soma de direita (35%) + centro-direita (11%). Do outro lado, 29% se declaram esquerda (22%) + centro-esquerda (7%). O centro aparece com 17% — e 8% não souberam responder. Ou seja: há uma vantagem de 17 pontos para o campo da direita.
Traduzindo para o mundo real (e para Brasília): hoje existe mais gente dizendo que pensa como Flávio Bolsonaro do que como Lula. Isso não significa, automaticamente, voto. E Lula, sim, continua favoritíssimo.
Mas significa clima, linguagem, agenda — e um país em que o discurso conservador segue com mais lastro social do que o discurso progressista. Uma surpresa, na verdade.
Para o governo, fica um aviso simples: governar como se o Brasil fosse majoritariamente de esquerda é ignorar o espelho. E espelho, cedo ou tarde, cobra. 2026 está logo ali e pode não ser o ano da derrota, mas outras eleições acontecerão no país.