O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta sexta-feira, 26, que haverá novos ataques contra alvos do Estado Islâmico na Nigéria, horas depois das Forças Armadas americanas terem disparado contra campos terroristas, ação que o presidente Donald Trump diz ter objetivo de impedir massacres de cristãos.
“O presidente foi claro no mês passado: o assassinato de cristãos inocentes na Nigéria (e em outros lugares) deve acabar. O Pentágono está sempre pronto, e o Estado Islâmico descobriu isso hoje à noite – no Natal. Mais por vir…”, escreveu Hegseth no X (ex-Twitter). “Grato pelo apoio e cooperação do governo nigeriano. Feliz Natal!”
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Tuggar, disse que os bombardeios americanos, que vieram depois que Trump acusou o governo nigeriano de não fazer o suficiente para proteger cristãos no país, são “parte de operações conjuntas em andamento”.
Segundo ele, a inteligência nigeriana forneceu a Washington informações sobre a localização dos militantes. O chanceler também declarou à emissora ChannelsTV que conversou por telefone com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, antes dos ataques.
“Conversamos duas vezes. Falamos por 19 minutos antes do ataque e depois conversamos novamente por mais cinco minutos antes de ele começar”, disse Tuggar, enfatizando que o diálogo foi “extensivo” e que o presidente da Nigéria, Bola Tinubu, deu “a autorização” para os bombardeios das Forças Armadas americanas.
A Nigéria é um Estado oficialmente laico e sua população está dividida quase igualmente entre muçulmanos (53%) e cristãos (45%). A violência contra cristãos tem atraído a atenção da direita religiosa nos Estados Unidos, que denuncia “perseguição”. O governo nigeriano ressaltou que grupos armados atingem tanto cristãos quanto muçulmanos.
“Temos trabalhado em estreita colaboração com os americanos”, garantiu Tuggar. “É o que sempre esperamos: trabalhar com os americanos, trabalhar com outros países, para combater o terrorismo, para impedir a morte de nigerianos inocentes… É um esforço conjunto.”
O Comando Africano dos Estados Unidos (Africom) afirmou que os ataques no estado de Sokoto foram realizados em coordenação com as autoridades nigerianas. Uma declaração anterior do Africom, publicada nas redes e posteriormente removida, afirmava que a operação havia sido conduzida a pedido da Nigéria.
Ordem de Trump
Na quinta-feira 25, o presidente americano, Donald Trump, ordenou que as Forças Armadas dos Estados Unidos bombardeassem membros do Estado Islâmico no noroeste da Nigéria, depois de passar semanas criticando o grupo por atacar cristãos.
“Esta noite, sob minhas ordens como Comandante-em-Chefe, os Estados Unidos lançaram um ataque poderoso e mortal contra a escória terrorista do EI no noroeste da Nigéria, que tem atacado e matado brutalmente, principalmente, cristãos inocentes, em níveis nunca vistos há muitos anos, e até mesmo séculos!”, escreveu ele em uma publicação na sua rede, a Truth Social. “Eu já havia avisado esses terroristas que, se não parassem com o massacre de cristãos, haveria consequências terríveis, e esta noite, elas vieram. O Departamento de Guerra (Departamento de Defesa) executou inúmeros ataques perfeitos, como somente os Estados Unidos são capazes de fazer.”
O Departamento de Estado americano publicou no X (ex-Twitter) um vídeo do momento dos disparos, reproduzindo a mensagem publicada por Trump. “Sob minha liderança, nosso país não permitirá que o terrorismo islâmico radical prospere”, escreveu o presidente dos Estados Unidos.
Trump já havia declarado que lançaria uma intervenção militar “com tudo” na Nigéria, alegando que os esforços do governo do país para impedir ataques de grupos islâmicos contra cristãos têm sido inadequados.