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Bad Bunny, Rosalía e mais: os 10 melhores discos do ano na seleção de VEJA

Do pop latino do porto-riquenho Bad Bunny às façanhas do bandolim de Hamilton de Holanda, passando pelo rock lamurioso do prodígio americano Cameron Winter, 2025 foi um ano marcado por expressões musicais diversas e globais, muito além do padrão anglófono que já foi regra. Dentro disso, artistas singulares lançaram discos inéditos, dez dos quais se sobressaem. Descubra a seguir quais foram os melhores álbuns de estúdio ouvidos por VEJA nos últimos doze meses:

10° lugar: More, de Pulp

Énfant terrible dos anos 1980 e precursor do britpop, o inglês Jarvis Cocker não lançava um disco de inéditas ao lado de seus colegas do Pulp em quase 25 anos, tendo deixado para trás a juventude errática e contrariada que pautou sucessos como Common People e Babies. O tempo e a maturidade, porém, não diluíram em nada seu talento como contador de histórias ou o apelo de sua rouquidão. Pelo contrário, More abraça as dores e os prazeres do envelhecimento com suas letras vertiginosas, refrões pegajosos, batidas dançantes e a instrumentação mais ornamentada com a qual o grupo já trabalhou.

9° lugar: I Quit, de HAIM

Este, Danielle e Alana Haim já não são mais as novatas que eram em 2013 quando lançaram Days Are Gone. Mais seguras de si, as três irmãs californianas se abrem para a experimentação e para confissões sem pudor em seu quarto álbum de estúdio. Composto por 15 canções, o projeto encapsula o desprendimento inerente a um ponto de virada — que, para a vocalista do grupo, foi o encerramento de seu relacionamento de quase uma década com o produtor Ariel Rechtshaid. Relationships, sem qualquer pieguice, é um clássico imediato para corações partidos, enquanto All Over Me, Take Me Back, The Farm e outras canções oferecem catarse de sobra. Também é um prazer acompanhar a reta final do disco, na qual cada um das irmãs assume o vocal de três faixas respectivas. 

8° lugar: Baby, de Dijon

O R&B passou por um ótimo momento em 2025 graças a lançamentos de Valerie June, Blood Orange e Olivia Dean, entre outros. Em seu segundo álbum, no entanto, o americano Dijon levantou o sarrafo com canções erráticas, distorcidas e envolventes que espelham sua vida enquanto pai de família ao mesmo tempo em que esbanjam vigor e a sensualidade inerente ao gênero. Graças ao feito, ele concorre pela primeira vez a um Grammy como produtor do ano e pode muito bem levar a estatueta na noite da cerimônia, em 1 de fevereiro de 2026.

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7° lugar: Rock Doido, de Gaby Amarantos

Marcado pela COP30, 2025 deu à cena musical paraense seu devido reconhecimento e Gaby Amarantos foi figura essencial para tal. Além de participar de shows comemorativos ao lado de Zaynara, Dona Onete e Joelma, a cantora lançou seu mais novo disco, composto por 22 faixas velozes e furiosas. “Hoje a gente tem pirotecnias nos shows e músicas curtinhas tocadas nas redes sociais, mas as aparelhagens já faziam isso 20 anos atrás”, fez questão de deixar claro em entrevista a VEJA. O resultado é uma ode ao tecnobrega e aos músicos do nicho. Além disso, Foguinho deixa a estrangeira Anxiety comer poeira e é, de longe, a melhor releitura do hit Somebody I Used to Know lançada em 2025. 

6° lugar: Getting Killed, de Geese

Em 2025, um novo garoto desgrenhado ascendeu ao topo do rock: Cameron Winter, vocalista do grupo Geese desde 2016. Aos 23 anos, Winter estourou após seu primeiro disco solo, Heavy Metal, e rapidamente foi abraçado por veteranos como Debbie Harry e até o diretor Paul Thomas Anderson, que acaba de filmar um show dele no Carnegie Hall, em Nova York. A “Geesemania” tem motivo para ser tão contagiosa: cheio de urgência e disposição, Winter captura e poetiza mazelas de sua geração, com uma voz que parece diretamente conectada ao âmago de sua alma. 

5° lugar: Mateus Aleluia, de Mateus Aleluia

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Mais de 60 anos após a origem dos Tincoãs, trio que cunhou seu próprio pop afro-brasileiro, Mateus Aleluia segue na ativa com seu violão, que exibe na estonteante capa de seu quinto disco solo, ilustrada por Athos Sampaio. Em seis faixas — todas elas serenas e vagarosas —, o músico ilumina os simples dilemas existenciais que afligem a todos, especialmente a relação com o amor e a harmonia com a natureza, traduzida com louvor pela orquestração. Na contramão da lamúria, Aleluia confessa e inspira: “Ainda mais na minha idade, a melhor verdade que encontro é ser feliz”.

4° lugar: Debí Tirar Más Fotos, de Bad Bunny

Em questão de números e impacto cultural global, nenhum nome chegou aos pés do porto-riquenho Bad Bunny em 2025. Lançado na primeira semana do ano, o disco nostálgico mistura gêneros próprios do território a ritmos eletrônicos como o house e o dancehall para assim desenhar a devoção que o cantor sente por sua terra natal. Junto do primeiro ano do segundo mandato de Donald Trump, o trabalho também assumiu relevância política, como hino para a parcela latino-americana dos cidadãos americanos. Em algum lugar entre baile hedonista e festa de família, DTMF fez de seu artista o mais ouvido do ano no Spotify e, certamente, será sinônimo de 2025 na memória de quem o teve no fone de ouvido. 

3° lugar: Ain’t Done With the Blues, de Buddy Guy

Buddy Guy chegou a Chicago nos anos 1960 determinado a viver de música. Apesar de conquistar seus pares com o talento na guitarra, incluindo o precursor do blues Muddy Waters, ele só foi consagrado pelas grandes premiações da música nos anos 1990. Para alguém que foi devidamente reconhecido tão tardiamente, faz mais do que sentido Guy declarar que “ainda não terminou com o blues”, como diz o título de seu último álbum. No disco lançado em 30 de julho, quando o guitarrista completou 89 anos, ele canta sobre o lugar que o blues ocupa em sua vida, faz homenagens a veteranos como B.B King e relembra altos e baixos de sua trajetória.

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2° lugar: Hamilton de Holanda Trio – Live in NYC, de Hamilton de Holanda

Embaixador informal da música brasileira, Hamilton de Holanda viaja há anos pelo mundo junto de seu fiel bandolim de dez cordas, uma criação própria que aproxima o instrumento de um violão e encanta qualquer plateia. Uma delas foi a do lendário clube Dizzy’s, em Nova York, onde o músico gravou o disco ao vivo junto do baterista Thiago “Big” Rabello e do tecladista Salomão Soares em outubro de 2024. Capturando interações melódicas com o público e improvisos encantadores que bebem do choro, o registro é prova viva de que “cabe o mundo inteiro em uma música”, como disse Holanda a VEJA.

1° lugar: Lux, de Rosalía

Bastou uma canção para que a espanhola Rosalía, expoente de uma releitura turbinada do flamenco, alterasse completamente as expectativas em torno de si. Berghain — cantada com a veterana Björk e o vanguardista americano Yves Tumor — chegou às plataformas de streaming duas semanas antes de Lux e surpreendeu com a base instrumental frenética tocada pela Orquestra Sinfônica de Londres e o tratamento sacro aplicado ao título hedonista, nome de uma escandalosa casa noturna em Berlim. Tal justaposição é aprofundada ao longo das catorze outras faixas do disco, cada qual inspirada em uma santa diferente. Olhando não só para as histórias de cada figura, a jovem também levou em consideração suas origens e fez questão de cantar em suas respectivas línguas. Desse modo, o trabalho sincrético não reuniu apenas estéticas musicais variadas como treze línguas diferentes, do português ao ucraniano — exemplo do apuro, disciplina e inovação de que o pop de 2025 carecia. Em outras palavras, um milagre.

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