O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira 22 planos para construir um novo modelo de encouraçados, navios de guerra gigantes, de “classe Trump”: segundo ele, embarcações maiores, mais rápidas e “100 vezes mais poderosas” do que qualquer outra. O objetivo, segundo o chefe da Casa Branca, é impulsionar o poderio naval americano. O anúncio veio em meio a tensões crescentes entre Washington e Venezuela no Mar do Caribe.
Trump afirmou que o projeto vai começar com duas embarcações teste, que farão no futuro parte do que chamou de “Frota Dourada”. O presidente acrescentou que o projeto será eventualmente expandido para abranger de 20 a 25 novos navios de guerra.
A construção dos encouraçados resultará, de acordo com o secretário da Marinha dos Estados Unidos, John Phelan, em “mais tonelagem e poder de fogo do que em qualquer outro momento da história”. Ele disse também que haverá um impulso à indústria manufatureira americana, com componentes fabricados em todos os estados do país.
Phelan declarou ainda que as novas embarcações não contarão apenas com os “maiores canhões” já utilizados em um navio de guerra americano, mas também carregarão mísseis de cruzeiro, com capacidade de carregar ogivas nucleares, que poderão ser lançados do mar contra alvos. O primeiro dos novos encouraçados será batizado USS Defiant.
Segundo Trump, além da nova classe de navios de guerra, a Frota Dourada prevê um aumento no número de outros tipos de embarcações de guerra, incluindo uma classe de fragatas menor e mais ágil, anunciada anteriormente pela Marinha.
Washington lidera com folga o ranking mundial de poder bélico, segundo a plataforma Global Firepower. O arsenal marítimo conta com 440 ativos navais, incluindo 70 submarinos e uma dezena de porta-aviões (entre eles, o maior do mundo, o USS Gerald Ford). No ar, são mais de 13 mil aeronaves, das quais 9.700 estão prontas para uso; no campo terrestre, há mais de 4.600 tanques e cerca de 390 mil veículos preparados para operações. O Exército dos Estados Unidos tem 1,3 milhão de militares na ativa e cerca de 800 mil na reserva.
Embora Trump não tenha mencionado o regime de Nicolás Maduro, o impulso ao poderio naval vem em meio a tensões crescentes no Mar do Caribe, onde as forças americanas apreenderam petroleiros ligados a Caracas após o presidente dos Estados Unidos ter ordenado um “bloqueio total” contra o petróleo venezuelano, principal fonte de renda do governo.
Desde setembro, o Pentágono também realizou mais de vinte ataques contra pequenas embarcações que disse estarem levando drogas em direção aos Estados Unidos. Mais de 100 morreram devido aos bombardeios, incluindo pessoas identificadas como pescadores.
Enquanto isso, o governo Trump deslocou para o Mar do Caribe um contingente impressionante de ativos militares, incluindo submarinos, porta-aviões, caças e mais de 10 mil soldados. A Casa Branca insiste que a chamada “Operação Lança do Sul” tem objetivo de combater o narcotráfico, mas tanto a Venezuela quanto analistas independentes vêm uma tentativa de derrubar Maduro do poder. O próprio Trump já afirmou que os dias do ditador “estão contados”.