Ano em que a TV Globo celebrou 60 anos no ar, uma série de homenagens a programas que marcaram sua história foram ao ar em clima de nostalgia dos tempos que audiência não era problema. Entre elas, uma das mais aguardadas pelo público foi o remake de Vale Tudo. O clássico da teledramaturgia, escrito originalmente por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, ganhou uma releitura assinada por Manuela Dias. Mas o que deveria ser apenas uma atualização da trama para os tempos atuais acabou se transformando em um novo folhetim, distante da essência original.
Mudanças em remakes são naturais, até necessárias, mas o que aconteceu na novela das 9 foi uma alteração na raiz da história. Em vez de revisitar a pergunta que moveu a versão de 1988 – “vale tudo para vencer na vida?” -, a adaptação pareceu priorizar o comercial, poluindo a narrativa com ações de marcas e publicidade. Outro ponto problemático foi a perda de protagonismo de Tais Araújo: sua personagem, Raquel, que antes representava o eixo moral da trama, foi reduzida a um papel de coadjuvante, esvaziando seu poder na história. Há quem diga que a novela foi um sucesso por parte da audiência, mas pela deturpação do roteiro original, o saldo foi decepcionante.
A concorrência também enfrentou decepções. Em sua estreia no SBT após deixar a Globo, Boninho não conseguiu entregar o que a emissora projetava como sua grande aposta para 2025. Lançada no segundo semestre, a nova temporada de The Voice não apenas falhou em impulsionar a audiência como fez o índice cair em relação ao que era registrado anteriormente. Segundo dados do Kantar Ibope obtidos pela coluna GENTE em novembro, a atração comandada por Tiago Leifert marcou média de 3,1 pontos, abaixo dos 3,5 que o canal registrava antes do reality musical. Para agravar a situação, desde a estreia do programa o diretor não conseguiu alcançar a vice-liderança, mantendo o SBT atrás da TV Record no horário.
