A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse acreditar nesta sexta-feira, 19, que a maioria dos países votarão a favor do acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul. A declaração ocorre um dia após a assinatura do pacto ser adiada para janeiro, na contramão das expectativas de que fosse oficializado neste final de semana durante uma reunião do bloco sul-americano em Foz do Iguaçu, no Paraná. As negociações se estendem há 25 anos. Se aprovado, é esperado que este seja o maior negócio do tipo já firmado pela UE.
“Entramos em contato com nossos parceiros do Mercosul e concordamos em adiar um pouco a assinatura”, disse ela, acrescentando que estava “confiante” de que a maioria necessária daria sinal verde para o acordo em janeiro.
Na quarta-feira 17, o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e os países-memebros do bloco chegaram a um acordo inicial sobre salvaguardas e proteções a agricultores no âmbito do acordo com o Mercosul, em um último esforço para convencer a França e a Itália a assinarem. De acordo com o texto, as tarifas que forem extintas mediante o pacto comercial serão reimpostas caso importações de carne da América Latina desestabilizem os mercados europeus (ou seja, quando subirem mais de 8% em relação à média dos últimos três anos, e se seus preços forem pelo menos 8% inferiores aos de produtos comparáveis da UE).
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No entanto, não houve acordo quanto ao pedido do Parlamento para incluir no instrumento final uma cláusula mais controversa, de “obrigação de reciprocidade”, que exigiria que os países do Mercosul cumprissem as normas de produção alimentar da União Europeia em troca do acesso ao mercado. Nações pró-acordo, como Alemanha e Espanha, barraram o mecanismo. O presidente da França, Emmanuel Macron e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni (que na véspera disse que assinar um acordo com o Mercosul seria “prematuro”) não deram sinal de que as salvaguardas aprovadas eram suficientes. Ambos defenderam que a votação final dos Estados-membros da UE sobre o pacto comercial deveria ser adiada.
O atraso pode ser fatal para o acordo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) advertiu na quarta-feira que não assinaria mais o acordo se ele não fosse finalizado este mês.
“Se não fizermos isso agora, o Brasil não fará mais este acordo enquanto eu for presidente”, afirmou ele, segundo a agência de notícias Reuters, em uma reunião de gabinete. “Se eles disserem não, seremos duros com eles daqui para frente. Cedemos a tudo o que a diplomacia poderia ceder.”