O rendimento em dividendos das empresas de capital aberto disparou no fim de 2025 com mais de 60 empresas listadas aumentando as distribuições de proventos neste final de ano, mostra levantamento da Nelógica enviado à VEJA nesta sexta-feira, 19. O estudo comprara a proporção de distribuição dos últimos 75 dias (01 de outubro de 2025 até 15 de dezembro de 2025) com a proporção dos 21 meses anteriores (01 de janeiro de 2023 até 30 de setembro de 2025).
Segundo os dados, o Itaú liderou o crescimento do rendimento em dividendos e em volume de distribuição entre as grandes empresas, com alta de 177% ponto porcentual. O banco anunciou um pagamento de 23,4 bilhões de reais em proventos no fim de novembro.
O segundo lugar ficou com a Vale, que teve um aumento de 120% após a empresa anunciar 15,3 bilhões de reais em dividendos. A terceira colocada foi a WEG, com um rendimento 97% após anunciar um dividendos de 6,6 bilhões de reais.
O pagamento de dividendos entre as empresas acontece após o governo retirar a isenção dos dividendos em meio à reforma do imposto de renda. A gestão petista isentou pessoas que ganham até 5 mil reais por mês do imposto de renda.
Para compensar essa isenção, o governo adotou uma série de medidas. Uma delas é cobrar uma alíquota de imposto de 10% para pessoas que recebem mais de 50 mil reais por mês ou 600 mil reais por ano em dividendos de uma mesma empresa.
Ou seja, quem recebe 50 mil reais em dividendos por mês de empresas diferentes não será a taxado. A proposta busca cobrar impostos dos controladores ou investidores com participações relevantes dentro de uma mesma companhia.
Na Vale, por exemplo, quem possui um rendimento em dividendos de 11% nos últimos 12 meses, seria necessário ter investido 5,4 milhões de reais em ações da mineradora para ganhar 600 mil por ano ano dividendos, ou 50 mil por mês.
A taxação deve começar com os lucros anunciados a partir de 1 de janeiro de 2026. As empresas que anunciarem os dividendos até 31 de dezembro de 2025 não serão taxadas. O pagamento pode ser realizado até 2028, desde que tenha sido anunciado até o fim desse ano.
Mesmo com a taxação destinada para investidores com patrimônio consolidado, Gustavo Gukovas, diretor de Operações da Comdinheiro/Nelogica diz que as empresas vão tentar minimizar esse imposto a pagar e rever toda sua estratégia de distribuição de lucros aos acionistas.
“Até esse ano, o leão não abocanha parte da distribuição do lucro, a partir do ano que vem, vai. Por que esperar até o ano que vem e receber menos?”, indaga Gukovas.