O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, esperado para ser assinado neste sábado (20), vai mesmo ficar para janeiro. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, segundo a agência de notícias Reuters, falou após o fim da cúpula europeia durante esta madrugada e confirmou o adiamento em coletiva à imprensa, “Precisamos de mais algumas semanas para resolver alguns problemas com os Estados membros, e entramos em contato com nossos parceiros do Mercosul e concordamos em adiar um pouco a assinatura deste acordo”. Ontem, em protesto contra o acordo Mercosul-UE, agricultores e manifestantes queimaram uma enorme fogueira em Bruxelas onde ocorria a reunião da Cúpula. Eles bloquearam ruas e estradas com máquinas e tratores e a polícia precisou intervir.
Enquanto a frente europeia emperra, os números mostram que o Brasil já vem encontrando outros caminhos, sobretudo na Ásia. Dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex/FGV) divulgados ontem indicam que o avanço das exportações para a China compensou boa parte da queda provocada pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos a partir de agosto. Entre agosto e novembro, o valor das exportações brasileiras para a China cresceu 28,6%, enquanto as vendas para os EUA recuaram 25,1%. Em volume, a diferença é ainda mais clara: alta de 30% para a China contra queda de 23,5% para os americanos.
A virada ficou evidente justamente após a entrada em vigor das tarifas de Donald Trump. De agosto a novembro, as exportações para os Estados Unidos passaram a registrar retrações sucessivas — chegando a queda de 35,3% em outubro — enquanto os embarques para a China dispararam, com alta de 42,8% em novembro. Segundo a FGV, o movimento foi impulsionado principalmente pela soja, já que a China substituiu o grão que comprava dos americanos pelo produto brasileiro. Para o mercado, o recado é direto: se o acordo com a União Europeia fica para 2026, o Brasil não está parado na pista — e a Ásia segue ganhando peso na estratégia comercial do país.