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O bastidor da demissão de Celso Sabino após expulsão do União Brasil por ficar no governo Lula

Na manhã da última terça-feira, Celso Sabino estava em Belém, sua base eleitoral, e fazia planos como ministro do Turismo a reboque dos números positivos do setor, que caminha para 9 milhões de visitantes internacionais este ano, um recorde. No mesmo dia, à tarde, foi selado um acordo em Brasília que levaria à sua demissão e ao retorno do União Brasil para o governo Lula, depois de um barulhento desembarque que culminou com a expulsão do político do Pará da legenda. Antonio Rueda, presidente da sigla, se encontrou com Gleisi Hoffman, ministra de Relações Institucionais, para discutir o acerto, que chamou a atenção por dois pontos.

Um é o fato de o cacique do Centrão e o presidente Lula se colocarem sempre em campos opostos, com demonstrações públicas de que um não gosta do outro. O segundo ponto é a exposição de um paradoxo do União Brasil, que deu em setembro um ultimato de 24 horas para Sabino deixar o ministério. Às vésperas da COP30 em sua terra natal, ele contrariou a ordem e não saiu, dando início a um processo dentro do partido que resultou, no último dia 8, na decisão pela sua desfiliação. O ministro, que liderava o União Brasil no Pará, chegou a dizer a VEJA que estaria sendo usado como exemplo para outros quadros que defendem, como ele, o apoio a Lula em 2026. Mas, para surpresa do meio político, o União Brasil agora quer a pasta de volta, numa manobra que envolveu Rueda, o deputado federal Damião Feliciano (PB) e o líder da bancada, Pedro Lucas Fernandes (MA).

Brasília, 20/05/2025. Antônio Rueda, presidente do União Brasil. Foto Riu Baron/ BaronImagens.
Antonio Rueda, presidente do União BrasilRui Baron/BaronImagens/VEJA

Na pauta, apoio do Congresso

Filho de Damião, Gustavo Damião é o nome indicado para sentar na cadeira de Sabino, em troca de votos da bancada em pautas de interesse do governo no Congresso, num momento em que a relação é de fragilidade. Fontes ouvidas por VEJA dizem que não houve consulta a outros parlamentares e integrantes da executiva do União Brasil antes da decisão. Gustavo Damião, ex-secretário de Turismo da Paraíba, sequer é atualmente filiado à sigla. Do partido e pré-candidato a presidente da República, Ronaldo Caiado atuou pessoalmente para expulsar Sabino, chamado por ele de traidor. Ferrenho opositor do governo Lula, o governador de Goiás é um dos que agora assistem à reviravolta. Assim como outros nomes de peso do União, como Sergio Moro e ACM Neto. O União Brasil formou federação com o PP, partido liderado por Ciro Nogueira, fiel escudeiro do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Uma parte do partido, de fato, quer seguir com Lula, especialmente após Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se colocar como candidato a presidente da centro-direita. Havia previsão de uma debandada na bancada da Câmara no começo do ano que vem. O nome preferido de Rueda para brigar pelo Planalto era o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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Os bastidores dessa mudança no governo também incluem a corrida ao Senado. Sabino, que tinha um acordo inicial com Lula para permanecer no ministério até o fim da COP30, vem reforçando a imagem de aliado de primeira hora de Lula – ele quer ser o candidato do presidente no Pará, onde o governador Helder Barbalho (MDB) pretende ser o primeiro nome nessa disputa. Barbalho tem atuado para que Chicão (MDB), presidente da Assembleia Legislativa do estado, seja o seu companheiro de chapa, embaralhando as cartas por lá. O ministro do Turismo, que nesta quinta-feira, seguia trabalhando no órgão em Brasília e tinha uma série de agendas programadas estando no posto, participou ontem da reunião ministerial com Lula, publicando nas redes até fotos. “Juntos pelo Brasil! Que venha 2026. Última reunião ministerial do ano”, escreveu. O  anúncio de sua demissão veio logo em seguida. Desde então, parlamentares do União insatisfeitos passaram a se manifestar junto ao ainda ministro do Turismo. A avaliação desse grupo é de que por trás de todo o discurso de saída do governo, na verdade, estava uma ação que mirava exclusivamente Sabino.

 

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