O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), negou que tenha havido qualquer acordo nos bastidores para facilitar a tramitação do chamado PL da Dosimetria em troca da aprovação de projetos da área econômica. Em entrevista ao Ponto de Vista desta quinta, 18, apresentado por Marcela Rahal, o senador afirmou que não existiu negociação de procedimento nem orientação do Palácio do Planalto nesse sentido (este texto é um resumo do vídeo acima).
Segundo Randolfe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou o desenrolar da votação e deixou claro que vetará o projeto aprovado pelo Congresso, que reduz penas para condenados por crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Houve algum tipo de acordo entre governo e oposição?
De acordo com Randolfe, a resposta é categórica: não. O senador afirmou que “zero acordo” foi feito e que qualquer conversa entre lideranças ocorreu sem aval do presidente da República, sem participação da ministra da articulação política, Gleisi Hoffmann, e sem orientação formal ao governo no Congresso.
Ele ressaltou que o próprio líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), já declarou publicamente que não houve negociação política com a oposição envolvendo o mérito ou o procedimento de votação da proposta.
Qual foi a posição de Lula durante a votação?
Randolfe revelou um bastidor do caso: Lula telefonou para ele durante a votação do projeto para entender o que estava acontecendo no plenário. Na conversa, segundo o líder do governo, o presidente reiterou que vetará a proposta e que não autorizou nenhuma concessão, nem mesmo em relação ao rito de tramitação.
O senador afirmou ainda que essa orientação já havia sido dada pelo presidente na reunião ministerial realizada mais cedo no mesmo dia e foi reforçada novamente durante a sessão no Senado.
A responsabilidade recai apenas sobre Jaques Wagner?
Apesar das críticas direcionadas ao líder do governo no Senado, Randolfe evitou atribuir a ele, de forma isolada, a responsabilidade pelo resultado da votação. Disse não considerar justo transformar Wagner em alvo de uma “crucificação pública” e afirmou que diversos parlamentares se aproveitaram da situação para mudar ou revelar suas posições.
Segundo o senador, houve integrantes de partidos do campo ideológico do governo que, mesmo tendo se manifestado contra o projeto anteriormente, acabaram votando a favor, utilizando o episódio envolvendo a liderança como justificativa.
Por que o placar da votação ainda importa?
Randolfe explicou que, embora o projeto tenha sido aprovado, a margem da votação será decisiva na próxima etapa do processo. Como Lula pretende vetar o texto, caberá à oposição reunir votos suficientes para derrubar o veto presidencial.
Ele destacou que, se mais parlamentares da base e do campo democrático tivessem votado contra o projeto, a diferença no placar teria sido menor — algo entre 41 e 43 votos. Esse número, segundo ele, é crucial, pois a oposição precisará alcançar esse patamar no Senado para reverter o veto do presidente.
Qual será o próximo embate no Congresso?
O líder do governo concluiu afirmando que o foco agora será a manutenção do veto presidencial. Randolfe fez um apelo explícito para que parlamentares de partidos como PSB e PDT reflitam sobre a votação e se posicionem contra a derrubada do veto quando o tema retornar ao plenário.
Para ele, a disputa política em torno do PL da Dosimetria ainda está longe do fim e a decisão final dependerá da capacidade da oposição de reunir votos suficientes para impor uma derrota ao presidente da República.
VEJA+IA: Este texto resume um trecho do programa audiovisual Ponto de Vista (confira o vídeo acima). Conteúdo produzido com auxílio de inteligência artificial e supervisão humana.