Kate Middleton nem precisou sair do carro para dar o tom. Bastou o flash de um vestido vermelho para que o clima de Natal estivesse oficialmente instaurado. Do outro lado do Atlântico, Emily Ratajkowski posou ao lado da árvore natalina envolta no mesmo matiz — imagem pronta para abrir o álbum das festas. Rihanna também atravessa as ruas de vermelho, como quem não negocia a atenção.
E, nos tapetes vermelhos que antecedem as celebrações, as estrelas já sinalizam o que está por vir: Jenna Ortega, em Lanvin no Festival Internacional de Cinema de Marrakech, puxa o coro. O recado é claro: entra ano, sai ano, surgem as apostas para o réveillon, para as férias, para o verão inteiro — mas quando chega o Natal, é o vermelho que toma a frente.
Não é apenas a cor do Papai Noel ou das bolas penduradas na árvore. O vermelho encanta porque é ancestral. Porque fala direto com o corpo antes de convencer a razão. É quente, vibrante, rouba a cena sem pedir licença. Carrega paixão, claro, mas também poder, empoderamento, drama e desejo de centralidade. É a cor que não se dilui no fundo da sala, só avança.
Historicamente, o vermelho sempre ocupou o centro do quadro. No Renascimento, foi usado para destacar figuras sagradas — o manto de Cristo, as vestes da Virgem Maria — como sinal de importância máxima. Séculos depois, Vincent van Gogh escreveu ao irmão Theo que usou o vermelho em “O Café à Noite” para traduzir “as terríveis paixões humanas”. Henri Matisse, rendido ao carmim, falou de um vermelho capaz de “afetar a pressão arterial”. Tarsila do Amaral se autorretratou vestida de vermelho, como quem assina a própria força. A arte nunca teve dúvida: quem quer mobilizar emoções, veste vermelho.
Na moda, virou assinatura. Valentino Garavani eternizou o tom ao criar, em 1959, o Red Valentino — um vermelho luminoso, inspirado na energia dramática da ópera “Carmen”, de Georges Bizet. Foi com essa vibração que vestiu Jacqueline Kennedy Onassis, Elizabeth Taylor, Sophia Loren, Gisele Bündchen. “É a última cura para a tristeza”, disse o estilista. No cinema, o vermelho também muda destinos: contra a vontade do estúdio, a figurinista Marilyn Vance insistiu no vestido escarlate de Julia Roberts em “Uma Linda Mulher”. O resultado foi um dos looks mais icônicos da história — prova de que, às vezes, a cor certa reescreve o roteiro.
Talvez o fascínio esteja justamente nessa ambiguidade. O vermelho é o amor e o perigo, o sangue e o coração que bate. Na China, simboliza sorte e prosperidade; em partes da África, luto; em Amsterdã, desejo. No Natal, quando tudo é encontro, emoção à flor da pele e memória compartilhada, não poderia haver escolha mais coerente.
Não por acaso, ele reina também agora. Kate Middleton de Alessandra Rich, Anne Hathaway de Valentino, Emily Blunt de Schiaparelli, Amanda Seyfried de Monse, Anitta de H&M x Stella McCartney, Mariana Ximenes de Lethicia Bronstein — o vermelho aparece como idioma comum entre estilos, gerações e ocasiões. É democrático e absoluto ao mesmo tempo.
Como usar
No Natal, vale tudo — desde que com intenção. Um vestido vermelho sozinho já resolve a noite. Alfaiataria escarlate funciona para quem prefere impacto com rigor. Para as mais discretas, acessórios — sapatos, bolsa, batom — cumprem o papel de acento dramático. Tecidos fazem diferença: veludo e cetim amplificam o clima festivo; crepe e lã trazem sofisticação urbana. O truque é simples: deixe o vermelho falar e reduza o resto ao silêncio.
Porque no fim, o vermelho no Natal não precisa de explicação longa, apenas presença. Ele aquece, provoca, emociona. E, assim como as grandes pinturas, atravessa o tempo sem perder o impacto. Todo ano, quando as luzes se acendem e a mesa se arruma, lá está ele outra vez, lembrando que algumas escolhas não são tendência. São clássicos.
Veja os looks:







