Os Estados Unidos anunciaram a venda de US$ 11 bilhões em armamentos para Taiwan, o maior pacote de armas já negociado entre Washington a Taipei na história. A transação foi divulgada pela Agência de Cooperação em Segurança para a Defesa americana nesta quarta-feira, 17, e ainda precisa passar pelo aval do Congresso. O envio de armamentos ocorre em meio à crescente pressão de Pequim sobre a pequena nação insular, reivindicada pela China como parte do seu território.
Essa é a segunda venda de armas para Taipei desde o retorno do presidente Donald Trump à Casa Branca, em janeiro. Caso a venda seja concluída, ela deve superar todas as 19 rodadas de comércio bélico envolvendo as nações durante a administração do democrata Joe Biden, que arrecadou US$ 8,38 bilhões. Durante seu primeiro mandato, o republicano aprovou vendas de armas ao país asiático que alcançaram US$ 18,3 bilhões.
O pacote atual inclui Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade e obuseiros com propulsão automática, cada tipo de armamento estimado em US$ 4 bilhões. Segundo o Departamento de Estado, o acordo serve aos interesses de Washington, uma vez que concede apoio ao esforço de Taiwan para “modernizar suas forças armadas e manter uma capacidade defensiva crível”.
Taipei agradeceu aos Estados Unidos pela transação, afirmando que ajudaria a ilha a “construir rapidamente capacidades robustas de dissuasão”. Pressionado pelos interesses chineses, Taiwan anunciou em outubro a construção de um sistema de defesa aérea em múltiplas camadas para defender a ilha de “ameaças externas”, sem citar nominalmente seu poderoso vizinho a oeste.
Pequim, por sua vez, condenou a negociação, apontando que ela “mina severamente a soberania, segurança e integridade territorial da China” — afirmação orientada por seu entendimento de que Taiwan é uma província rebelde. “A tentativa dos EUA de apoiar a independência pela força só vai sair pela culatra, e sua tentativa de conter a China usando Taiwan absolutamente não terá sucesso”, disparou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakum.
+ Tensão no Pacífico: China mede forças com Japão e EUA nos arredores de Taiwan
Vizinho incômodo
A China afirma que Taiwan é “inequivocadamente e irreversivelmente um território chinês”, considerando a ilha uma província rebelde desde o fim da Guerra Civil Chinesa, na década de 1940, quando integrantes do derrotado Partido Nacionalista, o Kuomintang, se refugiaram em Taiwan, transformando a ilha no último reduto do governo chinês rival ao Partido Comunista liderado por Mao Tsé-Tung.
