Aos 17 anos, Taiellen da Costa enfrentava o vestibular com mais do que a pressão das provas. A jornada diária para as aulas no Pré-vestibular Comunitário Solano Trindade começava com um desafio básico: as desigualdades que carregava na bagagem. Sem condições de fazer outra refeição além do almoço em casa, ela chegava ao coletivo já com fome. Hoje, formada em Biologia pela UNIRIO, atua como professora no mesmo cursinho que a acolheu, em um verdadeiro exemplo do poder transformador da educação comunitária.
Depois de quatro anos de tentativas, três deles sem o respaldo de qualquer cursinho, a aprovação em 2016 veio carregada de alívio. “Eu não tinha outra opção, tinha que passar. Deixei de trabalhar para estudar, não poderia deixar minha mãe arcar com todas as contas de casa mais um ano sozinha”, relembra a jovem, que se tornou a primeira da família a ingressar no ensino superior.
A trajetória de Taiellen é uma das histórias que inspirou a criação do programa Juventude Popular nas Universidades, linha de apoio do Fundo Casa Fluminense que fortalece o Solano Trindade e outros nove pré-vestibulares populares de favelas e periferias da Região Metropolitana do Rio.
Na sala de aula, Taiellen leva uma mensagem poderosa aos alunos que, como ela, um dia duvidaram da própria capacidade: “estamos em uma corrida na qual a largada já aconteceu, mas apenas para alguns. Temos que levantar e começar a correr, sem medo e sem olhar para o tempo perdido. A escolha deve ser sua. Se você quer, você pode. A ignorância não é uma opção”, relata.
O impacto do trabalho que transformou a vida da bióloga e professora pode ser medido em números. Desde a sua criação, o Juventude Popular nas Universidades já atendeu mais de 1780 alunos, contando com a dedicação de cerca de 900 voluntários – trabalho que resultou em 340 aprovações em universidades, espalhando oportunidades reais pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
“A história da Taiellen demonstra perfeitamente nossa missão: quebrar o ciclo de exclusão e criar uma corrente de oportunidades”, afirma Paola Lima, coordenadora de mobilização da Casa Fluminense. “Cada aprovação é uma vitória coletiva. Mostra que quando oferecemos ferramentas e apoio comunitário, a juventude popular não só entra na universidade como retorna para fortalecer sua comunidade”, completa.
Saiba mais sobre o projeto no relatório Juventude Popular nas Universidades, disponível no site oficial da organização.