Uma declaração de Donald Trump sobre o assassinato do ator e diretor Rob Reiner provocou forte reação nos Estados Unidos. Ao comentar a morte do cineasta e de sua mulher, Michele Reiner, nesta segunda-feira 15, o presidente sugeriu que a postura crítica do casal em relação a seu governo teria contribuído para o desfecho trágico — afirmação vista como ofensiva e irresponsável por parlamentares e celebridades.
Rob Reiner, de 78 anos, e sua esposa, Michele Singer Reiner, de 68, foram encontrados mortos no domingo em sua residência no bairro de Brentwood, área nobre de Los Angeles. Segundo autoridades locais, ambos apresentavam ferimentos causados por faca. O caso é investigado como homicídio, e Nick Reiner, filho do casal, foi preso nesta segunda-feira como principal suspeito. A fiança foi fixada em 4 milhões de dólares.
Horas após a divulgação do crime, Trump publicou uma mensagem em sua rede social na qual descreveu Reiner como um artista “atormentado” e afirmou que o diretor sofria de uma suposta “síndrome da perturbação de Trump”, termo usado com frequência por apoiadores do presidente para atacar críticos. Na publicação, o republicano também falou em “paranoia” e “obsessão furiosa” contra ele, antes de exaltar conquistas de seu governo e mencionar uma alegada “era de ouro” para o país.
A reação foi imediata. No meio político, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, foi direto: “Este homem é doente”. O deputado democrata Maxwell Alejandro Frost chamou a fala de “lixo desprezível”, enquanto o senador Chris Murphy afirmou que Trump “cruzou um novo limite ao sugerir que vítimas causaram a própria morte por discordarem dele”.
A reação não se restringiu aos democratas. A deputada republicana Marjorie Taylor Greene declarou que o assassinato de Reiner “não tem nada a ver com política” e pediu empatia diante de uma tragédia familiar. O deputado Thomas Massie, também republicano, disse que o comentário do presidente foi “inadequado e desrespeitoso”, desafiando membros do próprio partido a defendê-lo.
Reiner era um opositor declarado de Trump havia anos. Em entrevistas, chegou a afirmar que o republicano não tinha condições de exercer a Presidência e alertou para riscos à democracia americana. Ainda assim, condenava de forma explícita qualquer tipo de violência política, independentemente de diferenças ideológicas.
Figura central de Hollywood, Reiner construiu uma carreira marcada tanto pela atuação quanto pela direção. Ficou conhecido nos anos 1970 pela série All in the Family e assinou filmes de sucesso como Isto é Spinal Tap, Conta Comigo, Harry & Sally – Feitos um para o Outro e O Presidente Americano. Recentemente, havia participado da série The Bear.
Há ainda uma ironia pessoal na relação entre Trump e o casal: Michele Reiner foi a fotógrafa responsável pela imagem da capa de A Arte da Negociação, livro lançado pelo presidente em 1987. À época, segundo relatos do próprio diretor, Trump demonstrava preocupação obsessiva com a aparência durante a sessão de fotos.
A família divulgou uma nota pedindo privacidade enquanto aguarda a conclusão das investigações. O Instituto Médico-Legal de Los Angeles ainda irá divulgar oficialmente a causa da morte.