counter Trindade e Tobago autoriza EUA a usar aeroportos no combate ao narcotráfico no Caribe – Forsething

Trindade e Tobago autoriza EUA a usar aeroportos no combate ao narcotráfico no Caribe

Trindade e Tobago autorizou nesta segunda-feira, 15, voos militares dos Estados Unidos nos aeroportos internacionais de Piarco e Arthur NR Robinson nas próximas semanas. A iniciativa, segundo o governo local, tem como objetivo fortalecer a cooperação bilateral no setor de segurança. No entanto, o sinal verde ocorre em meio à escalada das tensões entre EUA e Venezuela, reflexo do envio das forças americanas para o Caribe e Pacífico em suposto cerco ao narcotráfico. 

O Ministério das Relações Exteriores trinitário afirmou que as operações “são de natureza logística, facilitando o reabastecimento e a rotação rotineira de pessoal”. À frente da pasta, Sean Sobers explicou que o aval faz parte do compromisso da primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar “com a cooperação e a colaboração na busca da segurança de Trinidad e Tobago e da região como um todo”. 

A permissão acontece uma semana após a Casa Branca divulgar a Estratégia de Segurança Nacional para 2025. No documento, os Estados Unidos sinalizam que trabalharão com parceiros regionais para “controlar a migração, conter o fluxo de drogas e fortalecer a estabilidade e a segurança em terra e no mar. Trindade e Tobago, no Caribe, seria uma área de interesse no cerco à Venezuela. 

Em outubro, os EUA despacharam o destróier com mísseis guiados USS Gravely para Trindade e Tobago e se uniram à nação caribenha para exercícios militares conjuntos perto da costa venezuelana. No mês seguinte, os fuzileiros navais americanos instalaram um sistema de radar projetado para detectar aeronaves, drones e mísseis no aeroporto Arthur NR Robinson. Esse sistema auxiliou na apreensão de US$ 171 milhões (cerca de R$ 927 milhões) em maconha em uma embarcação não tripulada no pântano de Caroni, de acordo com Persad-Bissessar. 

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Tensão no Caribe

No final de outubro, Trump revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações em Caracas de que Washington quer derrubar o ditador Nicolás Maduro. Fontes próximas à Casa Branca afirmam que o Pentágono apresentou a Trump diferentes opções, incluindo ataques a instalações militares venezuelanas — como pistas de pouso — sob a justificativa de vínculos entre setores das Forças Armadas e o narcotráfico.

Os EUA acusam Maduro de liderar o Cartel de los Soles — designado organização terrorista estrangeira em novembro — e oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do chefe do regime chavista. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também foi acusado por Trump de ser “líder do tráfico de drogas” e “bandido”. Em paralelo, intensificam-se os ataques a barcos de Organizações Terroristas Designadas, como define o governo americano, no Caribe e no Pacífico. Ao menos 83 tripulantes foram mortos.

Há poucas semanas, militares americanos de alto escalão apresentaram opções de operações contra Caracas a Trump. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, e outros oficiais entregaram planos atualizados, que incluíam ataques por terra. Segundo a emissora CBS News, a comunidade de Inteligência dos EUA contribuiu com o fornecimento de informações para as possíveis ofensivas na Venezuela, que variam em intensidade.

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O planejamento militar ocorre em meio à crescente mobilização militar americana na América Latina e ao aumento das expectativas de uma possível ampliação das operações na região, em atos considerados como “execuções extrajudiciais” pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além do porta-aviões, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados foram despachados para o Caribe, enquanto Trump intensifica o jogo de quem pisca primeiro com o governo venezuelano.

Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.

Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso de caça às drogas. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou do contrabando do opioide para o país. O documento também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela — a cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na última sexta-feira, 14, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos para matar suspeitos de narcotráfico, sem o devido processo judicial, uma crítica às ações de Trump. Em um sinal de divisão entre os apoiadores do presidente, 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e 10% a favor.

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