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‘Bolsonaro chileno’: quem é e o que propõe o presidente eleito Antonio Kast

O ultradireitista José Antonio Kast foi eleito presidente do Chile neste domingo, 15, com cerca de 58% dos votos. Ele derrotou a candidata governista, Jeannette Jara, que lidava com a baixa popularidade do presidente Gabriel Boric — que estava impedido pela Constituição chilena, dos tempos do ditador Augusto Pinochet, a concorrer à reeleição. Kast segue a cartilha da extrema direita: promete criar prisões no estilo de El Salvador, conhecidas por violações dos direitos humanos; expulsar imigrantes ilegais e fortalecer a economia.

O novo líder chileno é católico e casado há mais de três décadas com a advogada Maria Pia Adriasola, com quem teve nove filhos. Foi entrar na política como estudante da Universidade Católica do Chile, tendo votado a favor da permanência do ditador Augusto Pinochet, por quem ainda nutre admiração, no poder. Deputado, tentou concorrer à Presidência pela União Democrática Independente (UDI), de direita, em 2016. Não chegou nem perto, arrematando cerca de 10% dos votos.

Após 15 anos, rompeu com a sigla para fundar o ultraconservador Partido Republicano em 2019. O advogado voltou a ser derrotado em 2021, quando foi derrotado por Boric. Entre os fracassos eleitorais, levantou a bandeira contra o aborto e criticou a “ditadura gay”.

Na disputa contra Jara, manteve o discurso linha dura e prometeu criminalizar a imigração irregular, expulsar “todos” os indocumentados e construir valas e muros nas divisas, bem como aumentar a taxa de crescimento anual do PIB para 4%. Apesar da linha-dura, espera-se que Kast seja obrigado a ceder frente a um Congresso fragmentado, assim como fez Boric.

“‘As direitas’, como chamamos aqui, não terão maioria absoluta no Congresso chileno e terão que negociar com os partidos de centro-direita que formavam a coalizão Chile Vamos (base de sustentação do segundo governo de Sebastián Piñera, 2018-2022). Kast, que cresceu politicamente atacando os acordos políticos, agora terá de negociar com a ‘direita covarde’, como ele chamava a base de apoio de Piñera” disse o ex-senador chileno Ignacio Walker, presidente do Partido Demócrata de Centro (PDC), à Fundação FHC.

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Quais são as principais propostas?

As cartilhas de propostas de Kast têm títulos impactantes, como o “Plano Impecável”, que busca “colocar no centro do debate sobre segurança a proteção legal, social e política das vítimas e das forças da lei; e a perseguição implacável de criminosos, delinquentes e traficantes de drogas”. O documento prevê “aumento drástico das penas para o crime organizado” e a construção de “prisões de segurança máxima e isolamento total”.

O presidente eleito também promete “guerra total ao crime organizado”, a exclusão de benefícios a reincidentes e modernizar as penitenciárias. Além disso, Kast deseja proteger a fronteira de imigrantes irregulares. Como? A partir de “muros/cercas de segurança de cinco metros de altura, semelhantes aos utilizados em Israel e na Hungria, equipados com sensores de movimento e vigilância por drones, nas áreas ao redor das passagens de fronteira oficiais ou passagens clandestinas fechadas”.

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Ele também diz que implementará “trincheiras de três metros de profundidade em áreas de grande circulação, impedindo o acesso de veículos e a passagem de caravanas”; “cercas perimetrais eletrificadas, com patrulhas constantes das Forças Armadas e dos Carabineiros (Polícia Nacional do Chile) nas áreas ao redor das passagens de fronteira oficiais ou passagens clandestinas fechada”; “torres de vigilância e radares térmicos, permitindo a detecção imediata de movimentos suspeito”; além de “drones autônomos com reconhecimento facial, câmeras infravermelhas e térmicas, operando 24 horas por dia, 7 dias por semana”.

Assim como o argentino Javier Milei, promete desinchar a máquina pública através de uma auditoria internacional independente, cujos resultados serão divulgados ao público, além de “desideologizar a Direção do Trabalho para fortalecer a supervisão e reduzir a burocracia e o viés ideológico”. No plano econômico, propõe leis trabalhistas mais flexíveis, cortes nos impostos para empresas e menos regulamentação. Ele também mira na crise habitacional por meio do pacote de medidas “Sua casa, seu sonho. Tornada realidade”.

 

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