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Quem protege o seu patrimônio agora?

A liquidação extrajudicial do Banco Master e a derrocada da Ambipar detonaram um movimento silencioso, porém intenso, nas mesas de gestão de patrimônio. Gestores de bancos de investimento, de grandes redes de varejo financeiro, fintechs e family offices revisam carteiras que antes eram convenientes, em meio à percepção de que a combinação de incentivos comerciais agressivos, estruturas complexas de crédito privado e supervisão regulatória falha estavam expondo em demasia investidores a altos riscos de perdas e dor de cabeça.

No caso do Master, a decisão do Banco Central de liquidar o banco veio no rastro de investigações que apontaram um esquema de fraudes em produtos vendidos a investidores, com “maquiagem” nos valores e na qualidade dos ativos. Isso atingiu milhões de clientes e reservas de bilhões de reais aplicados, mostrando que nem selo de grandes plataformas nem boas notas de risco garantiram a segurança do investimento.

Já a Ambipar, que tinha virado estrela da Bolsa e exemplo de empresa “verde”, se endividou demais, fez apostas arriscadas em operações financeiras e não conseguiu honrar suas obrigações. As dívidas chegaram ao ponto de a companhia pedir recuperação judicial. Como resultado, seus títulos caíram mais de 90%, deixando muitos investidores com papéis que praticamente perderam todo o valor.

Esse panorama de fundo encontra um sistema de insolvência em ebulição: em 2024, foram 2.273 pedidos de recuperação judicial, e apenas no primeiro semestre de 2025 o número já havia alcançado 4.900 casos, impulsionados principalmente por micro e pequenas empresas, de acordo com dados da Serasa Experian e da FecomercioSP. Desde a vigência da Lei 11.101, de 2005, o volume anual saltou de 110 pedidos naquele ano para patamares recorrentes em torno de 1.400 processos a partir de 2013, antes de escalar ao novo registro recente, o que sinaliza um ambiente de crédito mais tenso e menos tolerante a erros de alocação.

A Lei de Recuperação e Falências foi reformada em 2020 para privilegiar a preservação de empresas viáveis, a manutenção de investimentos e a progressão entre credores. “Era um sistema punitivo “, resume André Rocha, especialista e estrategista em gestão de crise e reestruturação e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Rastreamento de Ativos (IBRA). Para ele, “a recuperação judicial deixou de ser tabu e passou a ser um instrumento legítimo de reorganização; em muitos casos, é a alternativa mais responsável para preservar valor, empregos e a própria competitividade das empresas”, sobretudo em ciclos de estresse como o cenário atual. Mesmo assim, todo o cuidado na hora de investir, alertam especialistas de mercado de investimentos.

*Esta coluna voltará em Janeiro. Boas Festas!

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